Daíra, da ilusão à superação

Produzido por Zeca Baleiro, álbum visual da cantora chega ao YouTube com 12 vídeos que narram trajetória de superação de relacionamentos abusivos

Daíra estreia uma nova fase de sua carreira nesta quarta-feira (12), quando disponibiliza em seu canal no YouTube o álbum visual "Nada de Se Matar ou Morrer de Amor". O projeto, que marca a consolidação da cantora como compositora e intérprete autoral, traz 12 vídeos para as faixas do disco, além de um filme de 40 minutos que reúne toda a obra em uma narrativa única. A produção do álbum é assinada por Zeca Baleiro, que a convidou para integrar seu selo Saravá Discos.

"A Daíra é uma cantora de quem eu sou muito fã. Canta muito, algo nela me lembrou um pouco da chegada da Cássia (Eller)", declarou o cantor, compositor e produtor.

O conceito do álbum estrutura-se em dois movimentos distintos. No lado A, Daíra mergulha no universo das ilusões amorosas e na percepção gradual de ter sido vítima de lovebombing, técnica de manipulação afetiva caracterizada por demonstrações excessivas de afeto seguidas de abandono. O lado B traz a virada, na qual a personagem reconstrói sua força através de referências femininas e da espiritualidade. "'Nada de Se Matar ou Morrer de Amor' parte da minha própria história — a de uma mulher atravessando um lovebombing (alguns), ghostings e feridas. Em 'Deus é Mulher' e 'Como Frida Kahlo Não Me Calo', canto uma cura que nasce de dentro, até chegar em 'Quem Vem de Lá', onde transformo a dor com a espiritualidade", explica a artista, que canta em português, inglês e espanhol ao longo do trabalho. "O disco percorre das sombras do romantismo tóxico consigo mesma até a luz do amor próprio", completa.

A própria Daíra assina a direção geral do audiovisual, com fotografia e edição de Iris Cristine. Entre as referências cinematográficas do projeto estão filmes como "The Love Witch", "A Cor Romã", "Eu Sei Que Vou Te Amar", com Fernanda Torres, e "Eu Te Amo", com Sonia Braga. A faixa "Pra Sentar num Bar" homenageia a cultura nordestina ao trazer Zeca Baleiro no papel do Santo Casamenteiro, numa alusão ao "Auto da Compadecida". A versão integral inclui ainda uma poesia-manifesto escrita e interpretada pela artista sobre a condição de criar no Brasil de hoje.

A trajetória desta artista niteroiense começou aos 10 anos, quando venceu o concurso de calouros do "Gente Inocente", da TV Globo. Seu primeiro disco, "Flor", de 2014, foi selecionado pelo Prêmio da Música Brasileira. Foi com "Amar e Mudar as Coisas: Daíra canta Belchior", iniciado em 2016, que alcançou projeção nacional, conquistando o apoio de Elba Ramalho, sua madrinha musical, e milhões de reproduções digitais. O show de lançamento do novo trabalho será no próximo dia 28, no Blue Note Rio.