Ao mestre com (muito) carinho

Victor Biglione escolheu um caminho pouco óbvio para celebrar cinco décadas de trajetória musical: em vez de revisitar a própria discografia, o guitarrista e violonista decidiu prestar tributo a quem o marcou no início da carreira. O resultado é "Nos tempos do Jacarandá", álbum totalmente instrumental que dialoga com o legado de Luiz Bonfá (1922-2001), especialmente com o disco "Jacarandá", lançado em 1973 com arranjos de Eumir Deodato.

O projeto, que será apresentado nesta sexta-feira (31), às 21h, no Manouche, recupera um elemento central daquele trabalho histórico: a craviola de 12 cordas. O instrumento, que Bonfá apresentou ao mundo naquele álbum e que posteriormente seria adotado por músicos como Jimmy Page, do Led Zeppelin, volta a soar nas mãos de Biglione como elo entre gerações.

"Eu fiz o que ele fazia também em muitos dos seus discos: interpretar vários compositores com abrangência internacional", explica Biglione sobre a escolha do repertório. As nove faixas transitam de Milton Nascimento ("Paula e Bebeto") aos Beatles ("Lucy in the Sky with Diamonds"), passando por Gabriel Fauré ("Pavane"), John Coltrane, Caetano Veloso e João Donato.

Ao lado do percussionista Sérgio Benchimol, Biglione assume a responsabilidade de realizar o que considera o primeiro álbum feito por um guitarrista em homenagem a Bonfá. A cantora Julie Wein faz participação especial interpretando "Manhã de Carnaval", a composição que Bonfá eternizou e que se tornou fundamental para a visibilidade da música brasileira no exterior.

SERVIÇO

VICTOR BIGLIONE - NOS TEMPOS DO JACARANDÁ

Manouche (Rua Jardim Botânico, 983)

31/10, às 21h

Ingressos: R$ 140 e R$ 70 (meia solidária mediante doação de 1kg de alimento não-perecível ou livro))