Jazz das Minas é sobre música, mulheres e ancestralidade
Grupo leva seu show 'Ayé Orun' ao palco do Dolores Club
O Dolores Club recebe nesta sexta-feira (3), às 20h30, o Jazz das Minas, coletivo musical liderado pela pianista, cantora e compositora Ifátókí Maíra Freitas, que se firmou como um movimento de potência feminina e ancestralidade. Formado integralmente por mulheres, tanto no palco quanto na produção, o grupo apresenta o espetáculo "Ayé Orun", uma travessia poética entre a terra e o mundo espiritual, conduzida pelas Grandes Mães Orisa.
Após renascimento espiritual no culto a Ifá, a filha de Martinho da Vila adotou também o nome Ifátókí. "É sobre ancestralidade, cura, renascimento e o olhar feminino para a vida", explica a musicista sobre o repertório do grupo que ela costuma definir como sendo "pop brasileira jazzística de terreiro" e que aborda temas como parto, maternidade e maturidade feminina através de arranjos sofisticados e cheios de suingue.
O grupo reinterpreta músicas de axé tradicionalmente cantadas em terreiros de umbanda e candomblé, além de composições autorais e sucessos de grandes nomes da música preta brasileira e internacional como Nina Simone, Elza Soares e Ivone Lara.
A formação atual reúne nove instrumentistas de diferentes idades, classes sociais e regiões, todas responsáveis não apenas pela execução musical, mas também pela direção musical, técnica de som, luz, roadie e produção. "É uma troca que só é possível entre mulheres", destaca Maíra sobre a cumplicidade que marca as apresentações do grupo.
Desde sua estreia em Luanda, em 2019, a banda conquistou reconhecimento internacional, chegando a integrar o prestigioso Montreux Jazz Festival, na Suíça. No Brasil, já se apresentou em diversas capitais.
A trajetória de Maíra combina formação clássica e raízes populares. Iniciou os estudos de piano aos sete anos, chegou a tocar com orquestra sinfônica, mas descobriu-se cantora em 2011, quando lançou seu primeiro disco pelo selo Biscoito Fino. A sonoridade que vem construindo desde então recebe vários tipos de influências, mesclando técnica jazzística com a cultura do samba. Mas, no fundo, ela sabe que está fazendo música preta.
SERVIÇO
JAZZ DAS MINAS - AYÉ ORUN
Dolores Club (Rua do Lavradio, 20) |/10, às 20h30
Ingressos: R$ 60 R e R$ 30 (meia-entrada)