A narrativa em torno do álbum "Karnak Mesozóico", lançado em 5 de setembro, é uma elaborada criação ficcional de André Abujamra, vocalista da banda Karnak. Inspirado pela estrutura narrativa de "Star Wars", que lançou o quarto episódio antes do primeiro, o músico desenvolveu uma autoficção repleta de reviravoltas para promover seu novo trabalho, construindo uma história sobre uma fita demo perdida que teria sido encontrada décadas depois nos escombros de um prédio na Alemanha.
O enredo rocambolesco começa em 1982, quando Abujamra supostamente gravou suas primeiras demos em um Tascam de quatro canais durante intercâmbio nos Estados Unidos. Segundo a versão oficial, essas gravações teriam se perdido após uma série de eventos dignos de roteiro cinematográfico: uma visita ao primo Hans em Düsseldorf, uma gaita de fole emprestada, um assalto em um trem, um primo alemão enfurecido que confisca a fita como compensação, e finalmente, 42 anos depois, a descoberta milagrosa da fita cassete em uma caçamba de entulho durante a demolição de um prédio. Tudo detalhadamente contado na hilariante faixa narrativa "Escombros Revelados".
"Pelo menos é essa a história que André Abujamra, vocalista do Karnak, tem contado por aí", diverte-se o próprio músico, deixando pistas sobre a natureza ficcional de todo este projeto resgatado.
Segundo Abujamra, o gravador Tascam Portal One funcionava de forma peculiar: dois canais eram gravados no lado A da fita K7, e quando virada para o lado B, oferecia mais dois canais invertidos. "Mas com o advento da tecnologia, conseguiu-se reformar essa raridade semidestruída e conseguimos recuperar as primeiras músicas do Karnak", explica o músico em sua mirabolante versão sobre o álbum.