Iara Rennó e a jornada interior que se fez música
Cantora e compositora inicia nesta terça uma miniturnê com shows em quatro unidades do Sesc RJ
A cantora, compositora e produtora musical Iara Rennó desembarca no estado do Rio de Janeiro com a turnê "Orí Okàn", com repertório de seu mais recente álbum, em quatro apresentações nas unidades do Sesc em Copacabana nesta terça-feira (26), Barra Mansa (29/8), Tijuca (2/9) e Petrópolis (5/9). O projeto marca um momento especial na carreira da artista paulistana, que completa mais de duas décadas de pesquisa sobre a cultura de orixás.
"'Orí Okàn' é quando meu Orí (cabeça, a parte do corpo que abriga os orixás) encontra seu coração e meu coração encontra seu destino, sua casa", reflete Iara sobre o trabalho lançado em 2023 pelo selo Dobra Discos.
O álbum, reforça, representa um mergulho profundo em sua jornada pessoal com o candomblé, narrado quase inteiramente em primeira pessoa, contrastando com seu antecessor "Oríkì" (2022), que abordava os poemas de saudação sempre em terceira pessoa. Esta mudança de perspectiva revela sua crescente intimidade com o universo religioso e cultural que há tanto tempo a inspira.
A produção de "Orí Okàn" contou com a direção artística e musical da própria Iara, que reuniu um time de colaboradores de primeira linha. O álbum traz participações de nomes como Karina Buhr, Moreno Veloso e Zé Manoel, além dos coros do trio Negresko Sis, formado por Anelis Assumpção, Céu e Thalma de Freitas. A co-produção musical ficou a cargo de Tiganá Santana, Anelis Assumpção, Maria Beraldo e Sebastian Notini em faixas específicas, enquanto instrumentistas como Gabi Guedes na percussão, o moçambicano Otis Selimane na mbira, Aline Falcão em teclados e clavinets, e Aline Gonçalves no clarinete completaram o time de músicos.
A sonoridade do show, no entanto, é minimalista, tendo como base o violão de Iara e o acompanhamento dos percussionistas Rodrigo Maré e Victória dos Santos, formando um trio que potencializar a força rítmica de cada canção em narrativas poéticas e subjetivas sobre a relação da artista com a cultura de orixás, criando um ambiente sonoro que privilegia a contemplação e a introspecção, explorando as fronteiras entre o sagrado e o profano.
Iara também incluirá músicas de "Oríkì", trabalho que lhe rendeu uma indicação ao Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa, além de releituras de clássicos da música negra brasileira, como "Babá Alapalá", de Gilberto Gil, e sambas de roda tradicionais.
Três dos quatro shows deste giro fluminense terão as participações especiais de Ludom (26/8), Thiago Elniño (29/8) e Marina Íris (2/9).
Nascida na família Espíndola, um clã musical, Iara construiu uma trajetória que abrange poesia, cinema, literatura, teatro, performance, instalações e artes visuais. Sua produção musical atinge mais de 150 canções lançadas, distribuídas entre álbuns próprios e colaborações com artistas como Elza Soares, Ney Matogrosso, Gaby Amarantos, Jaloo, Ava Rocha, Virgínia Rodrigues e Lia de Itamaracá.
Filha de Alzira E e sobrinha de Tetê Espíndola, Iara foi por três anos uma das vocalistas d'As Orqídeas do Brasil, a banda 100% feminina da última fase artística do genial Itamar Assumpção (1949-2003), experiência que lhe preparou para outros voos como trabalhos com Quantic, Anita Tijoux e o Projeto Compass. Sua discografia reúne nove álbuns solo e três em coletivos.
Vale a pena conhecer mais de perto o trabalho dessa artista brasileira e universal.
SERVIÇO
IARA RENNÓ - ORÍ OKÀN
26/8, às 19h: Sesc Copacabana (Rua Domingos Ferreira, 160)
29/8, às 19h: Sesc Barra Mansa (Av. Tenente José Eduardo, 560 - Vila Nova)
2/9, às 19h: Sesc Tijuca (Rua Barão de Mesquita, 539)
5/9, às 20h: Sesc Quitandinha (Av. Joaquim Rolla, 2 - Petrópolis)
Ingressos: R$ 15, R$ 7,50 (meia) e R$ 5 (associado Sesc) e grátis (PCG)