Samara Joy, a joia ascendente do jazz mundial

Multipremiada aos 25 anos, cantora e compositora é figura central na renovação do gênero. Cantora se apresenta neste sábado no Vivo Rio

Por Affonso Nunes

Samara Joy

O público carioca tem neste sábado (2) a agradável oportunidade receber uma atração de jazz da primeiríssima linha. Samara Joy, cantora e compositora estadunidense que acaba de conquistar o Grammy 2025 na categoria "Melhor Álbum Vocal de Jazz" com "A Joyful Holiday", abre, no palco do Vivo Rio, a progamação 2025 da série Queremos! Jazz.

Aos 25 anos, Samara Joy é dona de uma trajetória meteórica que impressiona pela consistência e qualidade artística. Desde que iniciou sua carreira profissional, a artista conquistou todos os cinco prêmios Grammy que disputou, estabelecendo-se como uma das vozes mais importantes da nova geração do jazz mundial. Em 2023, ela já havia chamado atenção ao vencer o prêmio de "Revelação do Ano" do Grammy, superando artistas de gêneros como R&B, hip-hop e pop, incluindo a brasileira Anitta.

Em seguidas entrevistas, a cantora demonstra grande admiração pela música brasileira, expressando seu desejo de conhecer mais o país e seus artistas. Tanto que no último dia 27, lançou uma versão de "Flor de Lis (Upside Down)", clássico do repertório de Djavan, cantando em português e inglês num arranjo elegante assinado pelo baterista Evan Sherman.

"Apesar de contar uma história de cortar o coração, a letra poética e a bela melodia me tocaram imediatamente. Tive a oportunidade de cantá-la no Rio durante minha primeira viagem lá, há mais de um ano, e ouvir o público cantando em harmonia só reforçou a importância dessa canção para a música e a cultura brasileiras", conta Samara, revelando que o single foi gravado durante as sessões de seu álbum mais recente, "Portrait" (2024), projeto que consolidou Samara como um dos maiores nomes do jazz na atualidade.

A trajetória da cantora nascida no Bronx revela uma formação sólida que combina tradição e modernidade no gênero. Iniciada no coral gospel da igreja, Samara desenvolveu uma abordagem única que mescla a herança clássica do jazz com elementos contemporâneos do R&B. Uma fusão que se expressa numa voz potente.

Seu disco de estreia homônimo, lançado em 2021, já demonstrava maturidade artística excepcional para uma jovem intérprete. No ano seguinte, com "Linger Awhile", Samara provou sua capacidade de lidar com repertórios clássicos através de interpretações sofisticadas como "Sweet Pumpkin", de Ronnell Bright, além de ousar na construção de novas letras para solos de jazz improvisados, como em "Nostalgia", de Fats Navarro.

"Portrait" representa seu lançamento mais impactante até o momento e seu repertório será a base de seu show no Vivo Rio. A obra tem sido amplamente elogiada por veículos especializados como NPR e Pitchfork, além do tradicional New York Times.

Desde sua última passagem pelo Rio, em 2023, a cantora tem surpreendido crítica e público com shows esgotados ao redor do mundo e uma presença marcante nas redes sociais, onde cultiva uma legião crescente de fãs. Sua capacidade de conectar-se com diferentes gerações de ouvintes reflete a universalidade de sua proposta artística, que consegue tornar o jazz num estilo acessível. A própria cantora admite que demorou a encontrar o jazz, mas afirma que sua jornada prova que mais e mais jovens podem se interessar por ele.

"As pessoas não precisam passar em uma prova para dizer que gostam de jazz ou ter muito dinheiro (risos). É acessível. Também há muitos comentários do tipo: 'Precisamos salvar o jazz…' Apenas mostre a música às pessoas, leve instrumentos às escolas, convide para um show… apenas mostre que está lá", disse a cantora em entrevista durante sua última vinda ao Brasil.

"Estamos entusiasmados em apresentar o Queremos! Jazz, um projeto que celebra a vitalidade e a diversidade do jazz contemporâneo. A estreia com Samara Joy, uma artista de talento inigualável, personifica a nossa busca por trazer ao público experiências musicais únicas e inovadoras", destaca Pedro Seiler, diretor do Queremos! ao lado de Felipe Continentino.

A nova série não se limitará à apresentação de Samara Joy. Em setembro, o palco carioca receberá outros dois gigantes da cena internacional: o multi-instrumentista britânico Jacob Collier, no dia 10, e o coletivo americano Snarky Puppy, no dia 17. A programação evidencia a ambição do projeto em mapear diferentes vertentes do jazz contemporâneo, desde abordagens mais tradicionais até experimentações que dialogam com outros gêneros musicais.

SERVIÇO

SAMARA JOY

Vivo Rio (Av. Infante Dom Henrique, 85 - Parque do Flamengo) | 2/8, às 21h

Ingressos a partir de R$ 200 e R$ 100 (meia-entrada/setor 4)