Diogo Nogueira em clima de fé, festa e paixão

Novo álbum do sambista reúne sete faixas que celebram o amor sob diferentes formas e abordagens

Por Affonso Nunes

O cantor e compositor Diogo Nogueira canta o amor romântico, o amor pelo subúrbio, pelo lugar onde se vive, e pelo samba em 'Sagrado Vol. 2', seu novo álbum já disponível nas plataformas digitais

Diogo Nogueira apresenta seu nono álbum de estúdio, "Sagrado, Vol. 2", sequência direta do trabalho lançado no fim de 2023. Disponível nas plataformas desde o dia 5 de junho, o novo disco traz sete faixas que giram em torno do amor em múltiplas expressões, lançando um olhar carinhoso sobre o sentimento que une pessoas, lugares e culturas. A proposta dialoga com o Mês dos Namorados e reforça a ideia de que, no universo do samba e nas culturas de terreiro, o sagrado e o profano não se opõem — se entrelaçam.

"Ao falar de amor, este disco não se limita ao amor romântico. Ele fala do amor pelo subúrbio, pelo lugar onde se vive, pelo samba, por tudo aquilo que nos faz felizes", define Diogo. A abordagem ganha peso poético e filosófico no texto de apresentação escrito por Luiz Antônio Simas, para quem a integração entre o sagrado e o profano é uma chave para compreender as manifestações culturais do povo brasileiro.

A abertura do álbum, "Já Deu Tudo Certo" (Rafael Delgado e Robinho), apresenta um samba solar sobre a fé cotidiana, costurada por resistência, alegria e pluralidade religiosa. "Essa canção fala de fé, amor e força, tudo que me move", resume o artista.

Na sequência, "Ninguém Segura o Nosso Amor" (Peu Cavalcante, Rodrigo Leite e Cauique) resgata a energia das gafieiras e exalta a paixão escancarada, barulhenta e dançante. "É um amor feliz e brincalhão, um dos meus sambas preferidos do disco", comenta Diogo.

A faixa "Coisas do Amor (Me Chama)" marca o encontro de Diogo com Sandra de Sá. Inspirada nos bailes suburbanos e no balanço da soul music brasileira, a canção traz versos diretos embalados por suingue. "Estava ouvindo muito Tim Maia quando comecei essa música. Sandra se encaixou perfeitamente no clima que buscávamos", explica o cantor.

Escrita por Gabi D'Paula, "Iluminou" mergulha nas síncopes do samba tradicional para retratar o amor como força de transformação. "Essa canção tem uma melodia moderna e uma essência apaixonante", destaca Diogo, que divide com Gabi os palcos e agora também a autoria.

"Como Eu Seria Sem Você" leva a assinatura de Thiago da Serrinha, que também assina a última faixa do disco. A canção explora o Rio de Janeiro por meio de suas paisagens afetivas — Madureira, Ipanema, Leblon, Mangueira — como pano de fundo para uma declaração amorosa que mistura sentimentos pela pessoa amada e pelo próprio país.

Com referências ao cinema popular, "Tela Quente" propõe uma reflexão bem-humorada sobre a distância entre o amor idealizado nas telas e a realidade dos relacionamentos vividos nas esquinas e salões. O samba, aqui, é a trilha sonora do cotidiano, não da fantasia.

Encerrando o álbum, "Quem Dera" volta à pena inspirada de Thiago da Serrinha. A letra, que menciona esfirras no Méier, rezas na Penha e sambas de Arlindo Cruz, evoca o romantismo suburbano carioca em um passeio pelas camadas mais afetivas da cidade. "O samba é uma oração para 'sair do distúrbio e morar no subúrbio do teu coração'", resume o refrão.

Em "Sagrado Vol. 2", Diogo traduz a maneira brasileira de viver o amor.