Uma orquestra de câmara com aquele tempero brasileiro

No ano em que completa 30 anos de carreira, o maestro Felipe Prazeres prepara-se para levar o projeto 'Sambach', da Johann Sebastian Rio, para uma turnê internacional

Por Affonso Nunes

Felipe Prazeres exerce seu lado músico nas apresentações da Johann Sebastian Rio

O maestro carioca Felipe Prazeres comemora 30 anos de carreira em 2025 em meio a uma intensa agenda profissional. Além de atuar como maestro titular da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e maestro associado da Petrobras Sinfônica, ele embarca em maio para uma nova turnê europeia com a Johann Sebastian Rio, orquestra de câmara que dirige desde sua fundação, em 2015.

Criada para aproximar o repertório clássico do público geral, a Johann Sebastian Rio tem se destacado por unir excelência técnica, carisma e brasilidade. Para celebrar seus dez anos de trajetória, o grupo levará o espetáculo "Sambach" a palcos da Alemanha, Suíça e Polônia, em oito concertos com participação do premiado violinista alemão Linus Roth. O programa costura composições de Johann Sebastian Bach com obras de Villa-Lobos, Tom Jobim, Noel Rosa, Ary Barroso, Jacob do Bandolim e Jorge Ben Jor, com arranjos criados por Ivan Zandonade.

"Sambach", também título do disco lançado em 2023, é apresentado como um tributo à liberdade criativa e ao diálogo entre culturas. "É uma mistura rara entre a tradição musical alemã e o suingue da bossa nova e do samba. Eu digo que é a orquestra de câmara com DNA brasileiro", afirma Prazeres.

O repertório do novo giro europeu parte do "Concerto para violino em Mi maior", de Bach, passa pela "Cantilena" das Bachianas nº 5, de Villa-Lobos, e desemboca em clássicos brasileiros como "Garota de Ipanema", "Samba de uma nota só", "Tico-tico no Fubá" e "Aquarela do Brasil". O violino Stradivarius "Dancla" de 1703, nas mãos de Linus Roth, dialoga com o ritmo e a melodia do Brasil, num concerto que resume a vocação da Johann Sebastian Rio: transformar a tradição em algo próximo, vibrante e vivo.