Adeus a Luiz Antonio Mello, o pai da 'Maldita'
Jornalista morre aos 70 anos e deixa legado fundamental no rádio, no jornalismo e na história do rock brasileiro
Morreu em Niterói, aos 70 anos, o jornalista, radialista e produtor musical Luiz Antonio Mello, um dos nomes mais importantes da comunicação brasileira. Conhecido como LAM, influenciou toda uma geração de jornalistas, entre os quais este que vos escreve. A sensação de perda de um mentor, um guru, me deixa sem palavras.
Internado no Hospital Icaraí para tratar uma pancreatite, Luiz Antonio sofreu uma parada cardíaca durante um exame de ressonância magnética.
Com uma carreira iniciada em 1971 no Jornal de Icaraí, LAM deixou sua marca em diversos veículos de imprensa. Atuou em rádios como Federal, Tupi, Jornal do Brasil e Fluminense FM, além de jornais como Última Hora, O Pasquim, Jornal do Brasil, O Estado de S. Paulo e, entre 2019 e 2020, foi colunista do 2º Caderno do Correio da Manhã. Desde 2021, era editor do jornal A Tribuna.
Foi em 1981 que LAM criou a Fluminense FM, apelidada de “Maldita”, que se tornaria uma das mais influentes rádios do país. Com uma programação ousada e inovadora, a emissora abriu espaço para o rock nacional, sendo pioneira ao lançar bandas como Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Titãs, Barão Vermelho e Blitz, além de dar protagonismo a vozes femininas no rádio, como Mylena Ciribelli, Selma Boiron e Monika Venerabile. Sua atuação foi decisiva para a consolidação da geração conhecida como "Brrock".
Após deixar a Fluminense em 1985, colaborou com a estruturação da Globo FM e passou a atuar como consultor de marketing da gravadora Polygram, promovendo nomes como Dire Straits, Eric Clapton e Tears for Fears. Na televisão, dirigiu o programa Domingo Especial e foi redator-chefe do Shock, ambos da extinta Rede Manchete, tendo produzido mais de 200 musicais com artistas internacionais.
Como produtor musical, trabalhou com artistas como Celso Blues Boy e Antônio Quintella. Em 1989, foi presidente da Fundação Niteroiense de Arte (Funiarte), órgão responsável por projetos culturais em Niterói, e atuou na assessoria de comunicação da Neltur, contribuindo para ações como a construção do Museu de Arte Contemporânea (MAC). Na década de 1990, coordenou o projeto “Música dos Anos 90”, da Warner Music.
LAM também integrou o time fundador da BandNews FM no Rio de Janeiro, em 2005, e criou a rádio online Rádio LAM, voltada à memória musical e jornalística do país. Era autor de livros como “A Onda Maldita”, sobre os bastidores da Fluminense FM, e “Jornalismo na Prática”, além de ter sua trajetória retratada no filme “Aumenta que é Rock’n Roll”, de Tomás Portella.
Sua morte causou comoção entre artistas, jornalistas e ex-colegas. O cantor Lobão, em homenagem publicada nas redes sociais, afirmou que sua partida representa o fim de uma era do rock brasileiro. Mais do que um comunicador, Luiz Antonio Mello foi um dos pilares do jornalismo cultural e musical no país, tendo ajudado a transformar a cena sonora e a mentalidade de toda uma geração.
Adeus, mestre!