"Somos só quatro caras no palco, destruindo tudo. Não há efeitos ou grandes produções, só nós e a nossa música", diz o cantor Ian Astbury, líder do The Cult, a banda britânica que vem ao Brasil para shows no Rio neste sábado (22), São Paulo (23) e Curitiba (25). A turnê se chama "85-25", mas Astbury rechaça qualquer tentativa de fazer dela uma celebração nostálgica: "Não estamos revisitando o passado, mas mostrando como estamos hoje. Lançamos um disco em 2022. Nossos shows refletem toda a trajetória de 40 anos da banda".
The Cult tem uma história curiosa. A banda surge em Bradford, na Inglaterra, em 1983, com o nome de Death Cult - Astbury teve uma banda anterior, chamada Southern Death Cult -, no meio da onda pós-punk de nomes como Echo and the Bunnymen, Siouxsie and the Banshees e Gang of Four. À época, a Death Cult tinha uma pegada gótica e dividiu palcos com bandas como Bauhaus e Birthday Party.
Astbury é inglês, mas mudou com a família aos 11 anos para o Canadá, onde ficou por cinco anos. A família morava a 50 quilômetros da fronteira com os Estados Unidos, e o jovem Ian foi impactado por programas de rádio e TV americanos que o apresentaram à então nascente onda do punk rock: "Lembro ligar a TV e ver o New York Dolls tocando, aquilo foi um choque".
Em 1977, aos 15 anos, Astbury foi passar férias com familiares em Londres e caiu de cabeça na cena punk britânica: "Aquilo era uma loucura, havia shows todo dia de bandas como Stranglers e The Damned. Eu vi o Clash ao vivo e foi muito marcante", lembra. A família Astbury voltou definitivamente ao Reino Unido por volta de 1979, quando a mãe de Ian, então sofrendo com um câncer, pediu para morrer em sua terra natal, a Escócia.
Em Glasgow, Ian tornou-se figura carimbada na cena local de rock alternativo. "Eu ia a shows todo dia. Era muito barato para entrar, coisa de uma libra, e a quantidade de grandes bandas era impressionante", recorda o músico.
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