Uma aposta para a eternidade
Russo Passapusso, com disco do BaianaSystem, diz que faz música para quando morrer
Segundo o vocalista Russo Passapusso, o BaianaSystem é "uma banda de caminhão". Isso porque o grupo forjou sua fama no trio elétrico, o Navio Pirata, já uma entidade do Carnaval baiano, e nos shows enérgicos e suados.
Mas, em "O Mundo dá Voltas", seu quinto e novo disco, lançado na úmtima semana, eles se permitiram desacelerar. "É um disco de canções, com músicas às vezes mais lentas. Geralmente o show do BaianaSystem é como? E aí, vai ouvir o novo disco e ele está como?", diz Passapusso.
Isso não significa que a euforia não esteja lá. "Balacobaco", música que tem participação de Anitta, é feita sob medida para embalar as rodas de bate-cabeça comuns nas apresentações do grupo. "Magnata", um ragga levado pelo flow meio Bahia meio Jamaica de Passapusso, se conecta diretamente com a tradição do sound system defendida pela banda desde seu início, há 15 anos.
O clima no resto do álbum, contudo, é mais tranquilo. Trata-se de um retorno ao caminho que o BaianaSystem vinha trilhando em "O Futuro Não Demora", seu terceiro disco, de 2019.
A banda estreou em 2010, com o álbum homônimo que serviu como rascunho da estética desenvolvida nas obras seguintes - um resgate da guitarra baiana no contexto da cultura dos sound systems jamaicanos.
"Duas Cidades", disco de 2016 de pegada urbana, ambientado em Salvador e politicamente afiado na denúncia de desigualdades, marcou a ascensão do BaianaSystem ao sucesso nacional. "O Futuro Não Demora" veio mais otimista e esperançoso, embebido em ideais de coletividade e com uma pesquisa mais dedicada à música brasileira.
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