Por: Laura Lewer (Folhapress)

Lulu Santos sendo Lulu Santos, um show impecável

Lulu Santos fez da tarde de sábado uma grandiosa matinê na Cidade do Rock mostrando incontáveis sucessos implantados na mente dos brasileiros | Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress

Depois de um show de aviões que fizeram manobras no ar e espalharam fumaça colorida pelo céu do Rio de Janeiro, Lulu Santos abriu o palco Mundo do Rock in Rio, o principal do festival, e entregou um show celebrado, com clima de festa de matinê.

Uma brisinha que amenizava o calor carioca criou o clima praiano ideal para as faixas de Lulu, que teve seu auge nos anos 1980 e 1990 - e que depois viu suas músicas chegarem nos filhos daqueles que os acompanhavam.

O público do artista neste domingo já era bem grande para um show às 16h e ligeiramente mais velho que o de ontem, repleto de novinhos fãs de trap. Estava também mais diverso, com pessoas de gerações diferentes cantando o repertório imenso de hits do artista --que certamente detém um dos maiores cancioneiros pop do Brasil.

Logo no começo, o carioca emendou uma tríade com alguns de seus maiores sucessos "Um Certo Alguém", "O Último Romântico" e a faixa-título de seu álbum de estreia de 1981, "Tempos Modernos".
Da plateia, pessoas acompanhavam com palminhas e levantavam copos de cerveja e celulares em ligações de vídeo com os parentes que estavam em casa.

Lulu é a atração perfeita para o Rock in Rio, festival que nasceu poucos anos depois de ele lançar sua carreira - tanto que tocou na primeira edição do do evento, há 40 anos, e voltou ao lineup em outros momentos.
É carismático, faz um show coeso e tem letras que parecem implantadas na memória de qualquer brasileiro. Em sua música, capturou como poucos a sensação do que é ser jovem e fez letras que envelheceram bem, ideais para serem cantadas bem alto.

Sonoramente, a surf music a qual se dedicou por anos cai bem em festivais, e a mistura que fez ao longo dos anos - com gêneros como R&B, rock e soul - costuma agradar a públicos muito diversos.

Na apresentação, Lulu convidou para o palco o bloco de Niterói Sinfônica do Ambulante e Gabriel, o Pensador, que cantou "Cachimbo da Paz" e "Astronauta", de 1998 e 1999, respectivamente, aumentando mais o clima de revival.

A nostalgia não quer dizer, no entanto, que Lulu parou no tempo -embora não tenha alcançado novamente sucedo parecido com o do começo.

Ele mistura funk em suas músicas, como em "Como uma Onda", introduzida com batidas leves de funk, e altera algumas letras. Em "Toda Forma de Amor", por exemplo, altera o verso "eu sou seu homem e você é a minha mulher" para dizer que ele é um homem e "você é o que quiser".

Nem sempre dá certo, como no álbum "Atemporal", lançado neste ano com versões duvidosas de suas músicas ao lado de nomes como Luisa Sonza e Pedro Sampaio, mas seu público parece firme o bastante. Aos 71 anos, Lulu Santos ajuda a conservar a parte boa da época em que o Rock in Rio nasceu.