Sérgio de Oliveira Cabral Santos nasceu em 1937 em Cascadura e cresceu em Cavalcante, bairro vizinho. Seu pai, José Jugurta Santos, era sergipano e sargento da Marinha; a mãe, Regina Cabral Santos, carioca como o filho. Depois de estudar em casa e em internatos públicos, virar torcedor do Vasco, se apaixonar pela voz de Orlando Silva e dar duro como operário da Central do Brasil, virou jornalista influenciado pela obra de Lima Barreto, escritor sobre quem se preparou para responder no programa O Céu é o Limite.
Em 1957 começou na reportagem de polícia do Diário da Noite. Numa folga do plantão nas delegacias, entrevistou sua futura mulher, Magali, que era candidata a Miss Distrito Federal. No Jornal do Brasil, apesar do sucesso, ficou apenas três anos: foi demitido em 1962 por participar de uma greve. Pelo mesmo motivo, perdeu o emprego em O Globo, em 1986. "Eu sou o único jornalista do Brasil demitido duas vezes por causa de greve", comentou numa entrevista.
Depois de curta passagem pelo Diário Carioca, que tinha o hábito de não pagar aos empregados, pulou para Tribuna da Imprensa, Correio da Manhã, revistas Manchete e Intervalo. O Pasquim surgiu quando Sérgio, em 1969, fazia jornada dupla na editoria de política da Última Hora e na sucursal da Folha de S. Paulo, cobrindo o Itamaraty. Convidado por Tarso de Castro, seu companheiro na UH, para ser o editor de textos do semanário de oposição à ditadura militar, fez parte do grupo fundador, com os cartunistas Jaguar e Claudius.
Em 1970 foi preso com Tarso, Jaguar, Ziraldo, Paulo Francis, Fortuna, Luiz Carlos Maciel e Paulo Garcez. Nos dois meses em que passou na Vila Militar, distraiu-se relembrando velhos sambas e até compôs uma paródia: "A Vila não é mais aquela/ Já não é mais tão bela/ Como Noel cantou".
Em 1979 lançou uma obra que de certa maneira é a continuação do volume acerca das escolas de samba. "ABC de Sérgio Cabral: Um desfile dos craques da MPB" reúne perfis de compositores e cantores narrados em estilo saboroso. O verbete dedicado a Ciro Monteiro - na letra F, de Formigão - é engraçadíssimo, e nos faz perguntar por que Sérgio Cabral não fez um livro sobre seu amigo Ciro e o samba sincopado.
A partir de 1977, com a publicação de "Pixinguinha, Vida e Obra", dedicou-se à tarefa de biografar grandes nomes da música brasileira. "No Tempo de Almirante" é mais do que a vida do parceiro de Noel Rosa, é uma pequena história do rádio no Brasil. Seguiram-se as biografias de Tom Jobim, Ary Barroso, Elizeth Cardoso, Nara Leão, Ataulfo Alves, além de perfis de Carlos Manga e Grande Otelo. Ficou faltando a trajetória de uma grande amiga, Aracy de Almeida.
Como produtor de discos e shows, atuando em São Paulo e no Rio, deu impulso às carreiras de Martinho da Vila, João Nogueira, Dona Ivone Lara, Clara Nunes, Beth Carvalho, Alcione. Pouca gente sabe, mas o nome artístico Paulinho da Viola é uma criação de Sérgio Cabral. Com Rildo Hora, compôs um grande sucesso: "Os Meninos da Mangueira", gravado por Ataulfo Alves Jr.
"Possuidor do par de olheiras mais sexy do Brasil", segundo o comentário de Jaguar, disputou em 1982 sua primeira eleição. Com boa presença na Câmara de Vereadores do Rio, foi reeleito duas vezes consecutivas, em 1988 e 1992. Assumiu a secretaria de Esporte e Lazer. Em 1993, foi indicado pela Câmara conselheiro do Tribunal de Contas da cidade.
Em 2007 roteirizou e dirigiu, com Maria Rosa Araújo, o musical "Sassaricando: E o Rio Inventou a Marchinha", fenômeno de crítica e público, que ficou em cartaz durante anos e excursionou pelo Brasil. Àquela altura, ele já era "o pai de Sérgio Cabral", o político de carreira meteórica, mais tarde envolvido em denúncias e condenações por corrupção e lavagem de dinheiro.
Diagnosticado com Mal de Alzheimer, Sérgio Cabral viveu os últimos anos recordando-se das conversas que teve com os pioneiros do samba. Lembrava-se da primeira vez que viu e falou com Pixinguinha como se fosse ontem.