Por: Lanna Silveira

CRÍTICA SHOW - MADONNA - CELEBRATION TOUR: Uma apresentação enérgica e divertida

Diferente de anos anteriores, Madonna apresentou seus grandes sucessos por meio de coreografias mais simples quye exigissem menos de uma artista de 65 anos. Mas o resultado foi o suficiente para contagiar o público | Foto: Marcos Hermes/Divulgação

Emoção, referência e sensualidade - essas três palavras resumem a tão esperada apresentação de Madonna na Praia de Copacabana, concluindo a "Celebration Tour", no último sábado (4). Superando os números estimados, o show mobilizou mais de 1,6 milhões de pessoas na praia carioca, conquistando ainda 22 pontos de audiência na transmissão oficial da Globo.

Uma rápida retrospectiva da carreira da rainha, narrada com irreverência por Bob The Drag Queen, deu início ao espetáculo. Sem aviso prévio, Madonna irrompeu no palco cantando "Nothing Really Matters"; canção que também abriu os demais shows da turnê.

O que foi visto a seguir por milhões de brasileiros foi uma demonstração clara da força do fenômeno Madonna. Contando com a participação dos filhos nos atos de dança e tocando instrumentos, a artista deu um show de presença de palco.

Mesmo com as limitações naturais da idade, sua apresentação foi enérgica e divertida, com coreografias simples, mas dedicadas. A interação entre a cantora e os dançarinos era fluída e integrada; enquanto todos estavam juntos no palco, a cantora não ofuscava o balé ou vice-versa.

As músicas selecionadas para a turnê quiseram agitar o público geral, com clássicos como "Like a Prayer" e "Hung Up", e acalentar os corações dos fãs incondicionais, investindo em músicas menos conhecidas como "Bad Girl" e "Bedtime Story". Alguns instrumentais foram completamente retrabalhados pela turnê: as dançantes La Isla Bonita e Express Yourself foram apresentadas em versões acústicas, no momento clássico "Madonna e violão" que é marca registrada de suas turnês. Outra canção repaginada foi "Music", que recebeu a intervenção de baterias de diversas escolas de samba do carnaval brasileiro. O momento contou ainda com a participação especial da cantora Pabllo Vittar, que se jogou no batuque junto a Madonna numa grande ode à cultura brasileira.

Ainda sobre o Brasil: como já era esperado, Anitta foi a cantora escolhida para participar do número "Ballroom", dedicado à "Vogue". Juntas, as cantoras simularam um júri e avaliaram as performances de dançarinos, cheias de caras e bocas e muito bom humor.

Revisitando temas

Todos os atos da turnê foram dedicados a revisitar diferentes momentos da trajetória pessoal e artística da rainha do pop. Saudando seu primeiro álbum e sua luta para ser reconhecida em Nova York, foram apresentadas esquetes de Madonna tentando entrar em clubes de dança - sem sucesso -, além de Everybody e Burning Up, dois dos primeiros singles lançados por ela.

Boa parte do segundo ato da turnê referencia a exploração da sexualidade promovida por Madonna no início dos anos 90, contendo músicas como "Erotica" e "Justify My Love". Ao fim de Erotica, uma sósia de Madonna vestida com o figurino da Blond Ambition Tour se encontra com a versão atual da artista, refazendo a polêmica cena de masturbação que despertou a ira da Igreja Católica há 30 anos. Durante a apresentação de "Human Nature", cuja letra fala sobre não se arrepender de sua fase sexual, são intercalados versos do hit "Crazy For You", em uma declaração de Madonna para sua antiga versão: em 2024, além de não se arrepender que nada que fez, a cantora declara seu amor por seu eu do passado, que foi tão hostilizada e reprimida pelo público.

A cantora também reforçou seu apoio à comunidade LGBTQIA , falando sobre a importância da liberdade e de poder viver e lutar por direitos sem medo das consequências. Madonna ainda disse que "lutará por eles até o dia em que morrer"

O momento mais emocionante da noite foi a apresentação da canção "Live to Tell", com a inclusão dos primeiros versos de "In This Life". Ressignificando sua letra, Madonna usou a canção para homenagear pessoas que perderam suas vidas durante a crise da AIDS dos anos 80 e 90, apresentando fotos de amigos e figuras públicas nos telões do palco. Em mais uma demonstração de carinho pelos brasileiros, foram incluídas fotos de Cazuza, Renato Russo e Mauro Faccio Gonçalves - o Zacarias, dos trapalhões.

Os momentos finais do show foram embalados com um mashup de Like a Virgin e Billie Jean, do rei do pop Michael Jackson, com direito a performances de dançarinos emulando as caricaturas artísticas dos cantores na década de 80, e a canção que deu nome à turnê, Celebration, como música de fechamento. Sem dúvidas, o show, que já faz parte da história brasileira, será uma experiência agradavelmente inesquecível para todos os espectadores e um enorme presente para os fãs apaixonados.