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Benjão entre guitarras e dilemas contemporâneos

Benjão sobre o álbum 'Afrofuzz': 'Há algum tempo pensava num disco instrumental, mas as palavras sempre encontravam uma maneira de permear a minha obra' | Foto: Divulgação

Gustavo Benjão, músico de destaque na cena carioca com o nome associado a projetos como Abayomy Afrobeat Orquestra e Do Amor, faz de sua música um caminho para experimentações sonoras e um olhar para a realidade. Se no seu último trabalho solo, "Axé" (2022), ele misturava a celebração e a dança com dilemas sociais, estruturas familiares e lutas cotidiana, agora ele dá um passo além. "Afruzz", já nas plataformas, é uma jornada instrumental sobre os timbres e efeitos das guitarras africanas com um forte storytelling. A ideia é que o disco seja como a trilha de um filme.

"Esse é um filme que surgiu na minha imaginação quando estava finalizando e nomeando as faixas. Escutando as faixas e imaginei a história de um jovem entregador de aplicativos, negro, periférico, estudante de arte e aspirante a artista multimídia, que luta pra sobreviver e exercer sua criatividade de alguma forma. Afruzz virou o nome artístico dele, e eu fui organizando e nomeando as faixas como uma espécie de narrativa, ou até mesmo pano de fundo pra acontecimentos num dia da vida desse jovem", com o artista.

"Há algum tempo eu pensava em fazer um disco instrumental mas invariavelmente as palavras sempre encontravam uma maneira de permear a minha obra. Dessa vez eu assumi de alguma forma o meu lado músico apenas, guitarrista, ou até multi-instrumentista, já que toquei os baixos, alguns teclados e as baterias eletrônicas. Mesmo já tendo feitos inúmeros temas instrumentais em trilhas sonoras, principalmente pro teatro, tive que exercer algum desapego da mensagem clara que muitas vezes a letra, a palavra dá", resume.