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Está tudo ali dentro

Mayana Neiva, atriz e cantora, faz uma bela viagem musical em seu álbum de estreia no qual o Nordeste é ponto de partida e de chegada | Foto: Divulgação

Estreante no universo da música, Mayana Naiva, multiartista paraibana, surge no mercado fonográfico com o instigante "Tá Tudo Aqui Dentro". Apresentando uma prosódia lírica e autoral, a cantora e compositora desfia o rosário de timbres contemporâneos entoados nas cores da tradição.

Mais conhecida do público por seu trabalho como atriz, Mayana atuou em novas globais como o remake de "Ti Ti Ti" (2010), "Amor Eterno Amor" (2012), "O Outro Lado do Paraíso" (2017) e na série "Rotas do Ódio" (Universal TV, 2018). "Sou múltipla e me encaro como uma artista múltipla. Acho que a criatividade tem múltiplas expressões e me vejo assim. Continuo sendo tudo isso, em especial atriz e cantora, mas minha ideia principal é comunicar a partir da essência, no âmbito que estou", disse em entrevista ao G1 Paraíba.

Trabalho de rara e singela artesania, o disco é tratado pela artista como uma reinvenção de si mesma num trabalho que se encontra ancorado em tradições ancestrais nordestinas sem, no entanto, vislumbrar para sonoridades modernas. O Nordeste é portanto, ponto de partida e chegada desta feliz reunião de canções. A memória é um fio a tecer paisagens sonoras e afetivas da artista, revelando seu ser e estar em relação à arte.

O ótimo disco se abre com "Cordel da Mulher Paraibana", canção de ar manifesto, em que gramáticas sertanejas unem-se à cadência rítmica do maracatu para cantar sentimentos egressos da ancestralidade feminina que ressoa na profundidade de "Flecha".

Aonde se ouve palavras de encantamento, Mayana Neiva leva a seu disco de estreia parcerias de peso como as do conterrâneo Chico César em "Queima", com a baiana Josyara em "Dopamina" e participações de virtuoses do piano (Zé Manoel) e do acordeão (Mestrinho).

A produção musical combina arranjos modernos com beats e sintetizadores a instrumentos orgânicos que formam um corpo sonoro em que as diferentes temporalidades se expressam por uma profusão de ritmos que variam da nostalgia tangueira ao forró pé de serra, passando pela cumbia colombiana e o bolero cubano.

Nomes como Ylana, Yuri Queiroga, Guegué, Pupillo, Juliano Holanda e Igor de Carvalho encorpam a manufatura desse nordeste plural, atemporal e ao mesmo tempo ancestral, que também é irrigado com a participação dos produtores: Naná Rizzini, Magí Batalla, Marcus Preto, Marcel e Conrado Goes.

Mayana traz o frescor dos fecundos inícios de carreira. Chega com personalidade e deseja-se que retroalimente suas narrativas tradicionais e modernas por mais e mais trabalhos. Neste disco está tudo ali dentro.

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