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Saudade que bate em vermelho e branco

Quinho passou por algumas escolas, mas consagrou-se como uma das mais marcantes vozes do Salgueiro | Foto: Divulgação

Morreu no fim da noite desta quarta-feira (3) o intérprete Melquisedeque Marins Marques, o Quinho do Salgueiro, uma das principais vozes do nosso Carnaval. A informação foi emitida pela escola de samba em suas redes sociais. A causa de sua morte foi uma insuficiência respiratória. O sambista de 66 anos estava internado no Hospital Evandro Freire, na Ilha do Governador. Desde 2022, Quinho travava de um câncer de próstata.

"Quinho não foi apenas um intérprete talentoso; ele foi a voz que ecoou em cada conquista, em cada desfile, e que se entrelaçou intimamente com a alma do Salgueiro", diz um trecho da publicação da Acadêmicos do Salgueiro, que anuncia o falecimento.

O intérprete foi afastado do carnaval do último ano para tratar do câncer acima citado. Ele integrava a escola de samba desde o começo dos anos 90.

Em 2009, com o enredo "Tambor", que contou a história do instrumento na Marquês de Sapucaí, Quinho levou o Salgueiro ao seu 9° título, depois de 16 anos sem vencer o desfile carioca.

"Quinho não apenas cantou para o Salgueiro; ele viveu e respirou cada nota, cada batida do coração acelerado da bateria. Ele personificou o espírito salgueirense, e sua ausência deixa um vazio indescritível. Hoje, não choramos apenas a perda de um grande artista; choramos a partida de um membro querido da nossa família", conclui o texto publicado na rede social da escola de samba.

Intérprete com grande capacidade de improviso na avenida, Quinho dominava as massas na Marquês de Sapucaí. Sabia como poucos unir animação, empolgação, alegria, descontração e diversão ao enorme desafio de defender um samba-enredo desfile adentro.

Quinho deu seus primeiros passos no carnaval no Boi da Ilha, mas foi em 1988 que seu talento foi reconhecido. Ele substituiu ninguém menos que Aroldo Melodia, na União da Ilha do Governador, onde permaneceu até 1990. No ano seguinte, Quinho encontrou uma nova casa no Salgueiro e começou a se destacar logo na estreia, com um vice-campeonato, em 1991. Dois anos mais tarde, em 1993, com o antológico desfile do enredo "Peguei um ita no Norte", o Salgueiro reencontra o título, após 19 anos de jejum. Em 1994, ele retornou brevemente à União da Ilha, mas em 1995 retornou ao Salgueiro, para sua segunda passagem pela escola até 1999.

Ao longo de sua carreira, o intérprete fez história em diversas agremiações como São Clemente, Acadêmicos do Grande Rio, Império da Tijuca e Acadêmicos de Santa Cruz. Além disso, deixou sua marca em São Paulo, na Rosas de Ouro, e em Porto Alegre, na Vila do IAPI.

Mas sua conexão com o Salgueiro era forte ao ponto de acontecer um novo retorno à agremiação em 2003, quando a escola tijucana completou 50 anos. Permanceu defendendo as cores do Salgueiro até 2014.

O intérprete salgueirense carregava a fama de pé quente. Tanto que os dois últimos campeonatos da escola foram conquistados por Quinho. Em 2009, após 16 anos de jejum, Quinho conduziu a escola à glória com o samba "Tambor".

Após um período afastado, por divergências políticas com a antiga presidente da agremiação - Quinho retornou ao Salgueiro em 2019. No entanto, passou a dividir o carro de som com Emerson Dias, intérprete lançado por ele, ainda muito jovem, em 1992, na própria escola.

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