Chorando com liberdade

Músico Caetano Brasil segue com sua linha de reinvenção do choro

Por

Caetano Brasil (centro), Bia Nascimento e Chico Cabral

O músico mineiro Caetano Brasil segue diluindo os limites dos gêneros musicais ao se debruçar sobre o choro com olhar moderno e plural. No single "Surpreendente", ele se une a Bia Nascimento (violão) e Chico Cabral (pandeiro) para formar O Choro Livre, um trio que reverencia as tradições da música brasileira para criar algo novo. O single já está disponível nas principais plataformas de música.

A música foi escrita em homenagem ao companheiro de instrumento de Caetano, o também clarinetista Wesley Fontes. A composição foi feita em 2019, já inspirada também por músicos como Maurício Carrilho, Zé Barbeiro, Alessandro Penezzi, Anat Cohen e Nailor Proveta.

"Ela é muito influenciada por artistas do choro contemporâneo, que vêm experimentado alterações nas fórmulas de compasso e na quadratura de suas obras nas últimas décadas. Em muitos momentos ela pode soar familiar para os ouvidos habituados ao choro. Mas é exatamente quando esses ouvidos se encontram envolvidos pela melodia, que são pegos de surpresa. Daí o nome", explica Caetano.

Parecia então natural que o músico se unisse a dois de seus parceiros mis assíduos na cena instrumental de Juiz de Fora para construir uma nova visão para o choro. "Nesta gravação com O Choro Livre, Bia, Chico e eu já vínhamos ensaiando e construindo o arranjo que foi apresentado ao vivo várias vezes. Entramos no estúdio já muito confortáveis com as peças que a composição prega. Assim, chegamos numa versão que mostra 'Supreendente' ao público com a cara do grupo: leve e irreverente", resume.

Este é o primeiro passo do músico multi-instrumentista após o elogiado álbum "Pixinverso - Infinito Pixinguinha" (2022) e o premiado "Cartografias", indicado ao Grammy Latino em 2020. No trabalho mais recente, Caetano Brasil já desafiava padrões ao mostrar um olhar atual e queer para uma das mais respeitadas obras musicais do país. Agora, "Surpreendente" se torna mais um passo na desconstrução dos pedestais que Caetano propõe: uma abordagem ao mesmo tempo reverente das gerações anteriores e irreverente sobre linguagens musicais bem estabelecidas. Ao buscar o novo, o músico mostra que ainda é possível surpreender com o centenário "chorinho".

"Depois de gravar um disco tão denso como o 'Pixinverso', saí em busca de criar uma música fluida, com menos obrigações. Uma música que pudesse ocupar espaços como festivais ao ar livre, bares, sem excluir as salas de concerto! Uma música em que pudéssemos experimentar com certo desprendimento dos cânones, que fosse divertida e leve", conta ele.