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O som de Sivuca muito além da sanfona

Claudia Castelo Branco: 'Quando a sanfona sai, podemos encarar como um problema ou simplesmente como uma oportunidade de criar novos diálogos' | Foto: Luis Fernando Pagliarini/Divulgação

A música do mestre paraibano Sivuca vai muito além da sanfona. E provar isso é a proposta da cantora e pianista Claudia Castelo Branco no projeto "Viva Sivuca - Homenagem ao Poeta do Som", que está circulando por oito unidades do Sesc RJ. A turnê, aprovada no Edital Sesc Pulsar, chega ao Sesc Tijuca no nesta terça-feira (20), com apresentação às 19h.

Na última semana, Claudia lançou nas plataformas de streaming sua versão para "Feira de Mangaio", um dos grandes sucessos de Sivuca. O single teve a participação de Marcos Suzano na percussão.

Neste show, Claudia Castelo Branco será acompanhada pelos músicos Elísio Freitas (baixo e guitarra) e Bernardo Aguiar (percussão). De forma inusitada, o trio de piano, baixo e percussão revê a obra de Sivuca (1930-2006) sem utilizar a sanfona, mostrando que a música desse grande compositor atravessa todos os limites e alcança os mais diversos tipos de sonoridades e linguagens.

"Quando a sanfona sai, podemos encarar como um problema ou simplesmente como uma oportunidade de criar novos diálogos. Eu preferi pensar sempre a partir do que eu sou - enquanto pianista, cantora, compositora - e de como eu processo as músicas de Sivuca. Experimentar ver de que forma minha voz e piano absorvem e reproduzem aquele universo. Assim, eu mesma me surpreendo. Gosto desse caminho", explica Claudia.

A ideia é divulgar a vida e obra de Sivuca, esse compositor que tocava além da sanfona sua marca registrada como, o piano, violão, percussão, entre vários outros instrumentos. O artista era também arranjador e orquestrador, sendo grande improvisador de jazz. O espetáculo, portanto, mostra que, apesar de o artista ter como instrumento principal a sanfona, ele não era apenas, o que já seria o bastante, um compositor do gênero regional/ nordestino.

A obra de Sivuca inclui choros, sambas, bossa nova e temas instrumentais, além de dialogar intensamente com a cultura do Rio, cidade onde morou por muitos anos.

Com 20 anos de carreira, Claudia Castelo Branco é também a diretora artística e musical do espetáculo, cujo repertório inclui temas instrumentais, como o baião "Um Tom Para Jobim" e o choro "Dino Pintando 7 cordas", e também canções ainda desconhecidas do grande público como "Canção Que Se Imaginara" e "Amor Verdadeiro".

"A intenção deste show é de trazer a obra de Sivuca para dentro do piano, justamente por ser um diálogo entre o meu universo e o dele. Onde há o ponto de contato entre a obra e o intérprete? Essa foi a pergunta que me fiz quando decidi abordar as músicas sem que houvesse a necessidade de representar Sivuca por meio da sanfona. Quando ela sai dos arranjos, a gente subverte a lógica de representar um repertório a partir do que esperamos dele e abrimos a escuta para diversas outras possibilidades", amplia a intérprete.

SERVIÇO

VIVA SIVUCA - HOMENAGEM AO POETA DO SOM

Sesc Tijuca (Rua Barão de Mesquita, 539)

20/6, às 19h

Ingressos: R$ 10, R$ 5 (meia), R$ 2 (associados Sesc) e entrada gratuita (PCG)