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Beyoncé rompe hiato de seis anos sem gravar

Apesar do vazamento de seu mais recente trabalho, a cantora Beyoncé lançou seu sétimo álbum solo na última sexta-feira. Intitulado "Renaissance" o projeto conta com 16 faixas, incluindo "Break My Soul" -canção divulgada no final de junho.

Em uma publicação no Instagram, a artista agradeceu aos fãs e internautas que não ouviram seu álbum de forma ilegal, através do material vazado, e esperaram a data oficial do lançamento. "Então, o álbum vazou. E vocês realmente esperam até o momento do lançamento para que vocês todos pudessem curtir juntos", começou a artista no texto.

"Eu nunca vi nada parecido com isso. Eu não consigo agradecê-los o suficiente por seu amor e proteção. Obrigada pelo apoio inabalável. Obrigada por serem pacientes", completou ela no agradecimento. A publicação já tem mais de 2 milhões de curtidas.

No comunicado, o qual também foi incluído como parte dos materiais físicos do álbum, Beyoncé explicou como trabalhar em "Renaissance" foi criativamente gratificante, porque permitiu à artista "um lugar para sonhar e encontrar uma fuga durante um período assustador para o mundo."

"[O disco] permitiu que eu me sentisse livre e aventureira em uma época em que pouco se movia. Minha intenção era criar um lugar seguro, um lugar sem julgamento. Um lugar para ser livre de perfeccionismo e pensamento excessivo. Lugar para gritar, soltar-se, sentir liberdade. Foi uma bela jornada de exploração", explica.

A cantora não lançava um álbum solo novo desde o ano de 2016, quando apresentou o "Lemonade". Desde então, ela divulgou projetos como "Homecoming", trabalho ao vivo que possui um documentário na Netflix de sua apresentação do Coachella em 2018, e a trilha sonora do live-action de "Rei Leão".

Com 16 faixas, o trabalho é uma convocação ao movimento, conversando com o passado e o presente e imaginando o futuro da pista de dança. "Renaissance" segue o caminho aberto por "Break My Soul", single que antecipou o álbum, calcado na house music dos anos 1990, com um sample do hit "Show Me Love", de Robin S, de 1993, e vocais de Big Freedia.

O novo disco é um reencontro de uma das maiores artistas da música contemporânea com seus fãs, já que desde "Lemonade" ela até lançou outros trabalhos, mas todos paralelos à sua carreira solo. O mais celebrado deles foi "Everything Is Love", álbum em parceria com o marido Jay-Z, de 2019, sob o nome The Carters, mas ela também lançou o ao vivo "Homecoming", gravado no festival americano Coachella e o disco "Black Is King", que acompanha o remake do filme "O Rei Leão", da Disney, entre outros projetos.

E mesmo em "Lemonade" Beyoncé não aparecia tão alinhada com a música dançante que a alçou à fama nos anos 2000 -não é à toa que "Break My Soul" tenha sido produzida por Tricky Stewart e The-Dream, mesmo time por trás de "Single Ladies", um dos maiores hits da artista, de 2008.

O disco de 2016 até tinha faixas com apelo pop, mas também tocava em temas sociais, como feminismo e racismo -em especial no hit "Formation", com alusões aos Panteras Negras, que a pôs em rota de colisão com forças policiais americanas.

Em "Renaissance", Beyoncé imagina um pop dançante, cintilante e insolente para uma nova era, feito a partir de disco, house, techno, dancehall, synthpop, afro beats, trap e R&B, entre outros ritmos que se entrelaçam ao longo do disco. "Energy" é a parceria mais explícita da obra, em que a cantora divide o microfone com o cantor jamaicano Beam.

O trabalho também reflete um reencontro mais amplo, depois de anos de pandemia e isolamento social, como se anunciasse que o momento é de celebrar e festejar. No novo disco, Beyoncé está disposta a prover a trilha sonora para esses encontros.

Francamente dançante, "Renaissance" conversa com o corpo numa premissa parecida com o que Lady Gaga fez, com outras referências e estética, no álbum "Chromatica", de 2020. É um álbum com a cara de Beyoncé, com algum nível de autorreferência, mas que também expande o entendimento da cantora em torno do que significa fazer música para dançar.

À beira dos 41 anos, Beyoncé parece se divertir sem se preocupar em se encaixar na cartilha atual da indústria fonográfica, trazendo em "Renaissance" faixas longas e bem distantes do apelo instantâneo do TikTok.

O álbum vai muito além da urgência do pop mais farofa, sem contudo negar isso, numa ode à pista de dança feita por uma das maiores conhecedoras de seus mecanismos.

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