Os tapumes do MNBA espalham arte pelo Centro cidade
Museu inaugura exposição a céu aberto durante reforma e reafirma compromisso com democratização do acesso à arte
Museu inaugura exposição a céu aberto durante reforma e reafirma compromisso com democratização do acesso à arte
Mesmo de portas fechadas para restauração, o Museu Nacional de Belas Artes encontrou um caminho craitivo para manter viva sua vocação pública: transformar os tapumes que cercam seu edifício histórico em suporte para uma exposição. A mostra "Bela Moderna Contemporânea" ocupa o perímetro externo do prédio na Avenida Rio Branco e converte o canteiro de obras em galeria temporária a céu aberto, acessível gratuitamente a qualquer pessoa.
A exposição integra o projeto "Um Olhar pela Fechadura", desenvolvido pelo MNBA durante o período de restauração, e marca uma fase na relação museu-público. Se antes o programa oferecia visitas pontuais a espaços internos reabertos temporariamente, inserindo a experiência de fruição artística no ritmo da cidade e seu cotidiano.
Idealizada pelos curadores Greice Rosa e Marco Antonio Portela em parceria com a equipe do museu, a mostra reúne 53 artistas de diferentes regiões do Brasil, mesclando nomes já consolidados no circuito da arte contemporânea com criadores que têm pouca circulação institucional. Entre os participantes estão Rogério Reis, Vicente de Mello, Marcos Bonisson, Edu Monteiro, José Diniz, Mayra Rodrigues e André Sheik, entre outros.
As obras expostas — que incluem fotografia, pintura, desenho e experimentações visuais diversas — foram especialmente adaptadas para o formato lambe-lambe, técnica que permite a aplicação direta dos trabalhos sobre superfícies urbanas.
Os artistas participaram de uma residência no MNBA, vivenciando de dentro as transformações físicas e simbólicas trazidas pela restauração do edifício. Esse processo de imersão permitiu que as obras refletissem sobre questões centrais para o debate museológico contemporâneo: qual o papel dos museus no século XXI? Como essas instituições podem ampliar seu alcance para além dos públicos já iniciados? De que forma a arquitetura e a localização dos equipamentos culturais facilitam ou dificultam o acesso democrático à arte? As respostas visuais a essas perguntas agora ocupam os tapumes e dialogam diretamente com quem passa pela Rio Branco, seja a caminho do trabalho, do transporte público ou simplesmente atravessando o Centro.
Ao levar arte para a rua, sem mediações, controle de entrada, restrições de horários restritivos, o MNBA rompe a lógica de aguardar passivamente a conclusão das obras para retomar suas atividades. Ganham a instituição, os artistas envolvidos e a cidade com um todo.
SERVIÇO
BELA MODERNA CONTEMPORÂNEA
Tapumes do Museu Nacional de Belas Artes (Avenida Rio Branco, 199 - Centro)
Grátis