Chimamanda Ngoze Adichie: 'As pessoas não estão mais dizendo o que realmente pensam em assuntos como raça e imigração'

Autora nigeriana afirma que parte da sociedade dos EUA se posiciona a favor do que é certo, mas depois se vira e vota em Donald Trump

Por Paola Ferreira Rosa e Walter Porto (Folhapress)

Chimamanda Ngozi Adichie tem seis títulos publicados

Numa passagem pelo Brasil há dez anos, Chimamanda Ngozi Adichie disse que o país tinha dificuldade em assumir sua identidade racial - via poucos negros nos lugares que frequentou como convidada. Agora a nigeriana afirma ter notado um avanço na percepção do país sobre a própria identidade. Mas diz que "o racismo nunca deveria ter acontecido, então você não ganha um biscoito por reduzi-lo".

Uma das mais relevantes autoras da língua inglesa hoje, Chimamanda esteve no Brasil para divulgar o novo romance "A Contagem dos Sonhos", sua primeira ficção em mais de uma década.

A escritora teve uma rotina digna de maratonista ao longo da última semana, se deslocando entre Rio e São Paulo para participar de eventos como a Bienal do Livro e o ciclo Fronteiras do Pensamento.

Ela diz que é preciso haver liberdade completa para o trabalho criativo, apontando que autores muitas vezes não escrevem os livros que realmente querem, hoje em dia, por medo de serem lidos como ofensivos ou preconceituosos. "As pessoas não estão mais dizendo o que realmente pensam em assuntos como raça e imigração. Dizem o que acham que é o certo, depois se viram e votam no Trump."