Suzana Vargas: 'Precisamos de cesta básica para a leitura'

Celeiro de autores literários, a Estação das Letras chega aos 30 anos

Por Olga de Mello  | Especial para o Correio da Manhã

Professora e produtora cultural, Suzana Vargas fez do Instituto Estação das Letras um centro de pesquisa e de formação da prosa e da poesia

A imagem do escritor abnegado, que vive de inspiração e brisa, está cada vez mais distante da realidade. A profissionalização do autor no mercado editorial brasileiro, ainda incipiente diante da população idealizada de leitores, se traduz em festivais literários no país inteiro e na proliferação de cursos de escrita criativa com ênfase na qualificação da produção de literatura.

À frente do Instituto Estação das Letras (IEL) há trinta anos, Suzana Vargas, poeta, professora de literatura e uma das principais referências em formação de leitores no Brasil, apostou no interesse dos escritores em aperfeiçoamento técnico.

A Estação das Letras é "bisneta" direta da Olac, a oficina que o historiador Afrânio Coutinho promoveu entre 1979 e 1992, onde Suzana deu aulas de criação poética. Quando a Olac encerrou as atividades, Suzana foi chamada para continuar seus cursos na casa de alunos, mas não gostava da "informalidade exagerada", que tornava os encontros mais festivos do que educativos. Continuava como professora de literatura em universidades, editava a Revista Poesia Sempre da Fundação Biblioteca Nacional e estava iniciava o projeto Rodas de Leitura no Centro Cultural do Banco do Brasil/RJ. Chamou amigos escritores como Victor Giudice, Flavio Moreira da Costa e Esdras do Nascimento para criarem doze oficinas literárias numa sala alugada no Largo do Machado, mobiliada com seus próprios móveis e doações, em sistema de cooperativa. Surgia então a Estação das Letras, oficinas de leitura & escrita, que 21 anos depois se tornava um Instituto, reunindo, em três décadas cerca de 3 mil cursos e oficinas e 2 mil alunos.