Por: Rodrigo Fonseca (Especial para o Correio da Manhã)

Reverência ao lirismo

Carlos Cardoso durante o lançamento de 'Coragem' na Livraria da Travessa | Foto: Rodrigo Fonseca

Templo para a poesia, sempre aberto aos lançamentos das vozes autorais do lirismo, a Travessa de Ipanema abriu suas portas, na noite de terça, para a manifestação da "Coragem" de Carlos Cardoso, engenheiro que encontrou no verso uma fonte de expressão de inquietudes e prospecções da beleza. Mais do que uma simples noite de autógrafos, o evento foi uma celebração das expressões poéticas. Uma mesa com dois imortais da Academia Brasileira de Letras (ABL) Antônio Carlos Secchin e Geraldo Carneiro dissecou a obra de Cardoso, ao mesmo tempo em que contextualizou a importância de poetas para a transcendência. Cerca de 250 pessoas prestigiaram a Travessa a fim de refletir sobre a escrita do lirismo.

"Com uma voz mais polar do que solar, a obra de Cardoso mostra que a luta com a palavra é sempre uma luta contra a palavra", disse Secchin no lançamento.

Consagrado por "Melancolia", de 2019, pelo qual recebeu o Prêmio APCA, Cardoso faz uma imersão nos pântanos do benquerer em seus versos.

"Passamos por um movimento em que a poesia brasileira parou de apostar nos versos de amor como uma fonte de expressão criativa, mas Carlos trouxe a tradição do poema amoroso de volta", disse Carneiro, durante o evento.

Ousadia é um dos verbetes que entusiastas do poeta citavam na fila de autógrafos. "Gosto de 'Sol Descalço', o livro anterior de Carlos, que ganhei de presente de uma turma de ensino médio, e me encantei com o modo carinhoso com que ele expressa a inquietude do querer", disse a professora de Redação Cecília Luz, uma leitora fiel de Cardoso. "É bonito demais ver que alguém ainda se esforça para escrever sobre o amor".

Versos que integram "Coragem" eram interpretados por personalidades da cultura brasileira, como Patrícia Pillar, Tony Belloto e Malu Mader em vídeos num telão, ao mesmo tempo em que um dos principais declamadores de sua obra, o ator Othon Bastos, prestigiava o êxito do lançamento, assim como o poeta Antônio Cícero.

"Todo grande poeta, quando lido, transporta a gente para a terceira dimensão da vida, que é a dimensão transcendente da arte", diz o poeta Antônio Cícero. "Carlos é um dos grandes".

 

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