Dalal Achcar: 'O coreógrafo precisa ser conhecido além da própria companhia'

A Cia de Ballet Dalal Achcar inicia a Temporada 2024 levando ao palco do Municipal de Niterói dois programas inéditos, criados por jovens coreógrafos, que destacam a diversidade e excelência da companhia

Por

Dalal Achcar destaca que o intercâmbio entre companhias é muito comum na Europa

O Theatro Municipal de Niterói vai receber de quinta a sábado (28 a 30) dois espetáculos de dança: "Macabéa", da coreógrafa e primeira bailarina do Ballet do Theatro Municipal, Marcia Jaqueline; e "Sem Você", do coreógrafo e maitre ballet Eric Frederic. Os dois espetáceulos foram montados sob encomenda para a Companhia de Ballet Dalal Achcar.

Focando na parceria com novos coreógrafos, Dalal Achcar, grande dama da dança no Brasil, pretende trazer frescor e um ar mais plural para o mercado do ballet no Brasil.

A verterana ressalta ainda a relevância do intercâmbio entre as companhias, muito comum na Europa. "É importante para firmar a força da dança. O coreógrafo precisa ser conhecido além da própria companhia. O processo de criação é uma troca", pontua Dalal.

Dalal destaca ainda a importância de se apresentar na cidade sorriso. "Niterói é a cidade berço do balé no Estado do Rio. A cidade com mais escolas de balé no Brasil é Niterói, que tem uma tradição cultural. E o Theatro Municipal de Niterói é uma jóia. E ir para Niterói é um marco para todas as companhias de dança e para a nossa também", explica.

Com mais de meio século de trajetória artística, Dalal é a responsável pelo lançamento dos maiores bailarinos brasileiros no mercado nacional e internacional, como Marcelo Gomes (American Ballet Theatre New York), Ana Botafogo (primeira bailarina do Theatro Municipal), entre muitos outros.

Dalal tem o Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro marcado em sua carreira: foi diretora do Ballet e duas vezes presidente da Fundação Theatro Municipal. Além disso, conviveu e trabalhou com os maiores nomes da cultura brasileira, dentre eles, Vinicius de Moraes e Manuel Bandeira que escreveram um balé especialmente para a coreógrafa. Di Cavalcanti e Burle Marx fizeram cenários e figurinos de alguns de seus espetáculos. Tom Jobim compôs uma canção para ela, que continua inédita. "O Tom fez uma música orquestrada pelo maestro Radamés Gnatalli, que guardo em meus arquivos", revela. Margot Fonteyn, falecida em 1991 e principal estrela do Royal Ballet, foi madrinha profissional de Dalal, que começou a dançar aos 15 anos.

Dalal coreografou o ballet "O Quebra Nozes", considerado pela revista NewsWeek a mais bela produção entre centenas de outras, e uma tradição anual de mais de 30 anos no Municipal, além de "A Floresta Amazônica", um marco brasileiro criado para Margot Fonteyn, o ballet "Dom Quixote", com o qual recebeu vários prêmios.

Continua na página seguinte