Varre, vassourinhade Oz!

Pavimentando uma estrada milionária em circuito, o musical 'Wicked: Parte II' desponta no pódio para se tornar um dos líderes de bilheteria do ano e faturar Oscars

Por Rodrigo Fonseca - Especial para o Correio da Manhã

Cynthia Erivo chega devastadora para a corrida dos Oscars com 'Wicked II', com direção de Jon M. Chu

É por uma questão de tostões (e de tempo) que "Wicked: Parte II ("Wicked: For Good") ainda não se encontra o ranking abaixo, das maiores arrecadações mundiais de 2025. Sua estreia, no fim de semana passado, foi de arrancar sorrisos das redes exibidoras, com uma arrecadação estimada em US$ 226 milhões em seus primeiros três dias em circuito. De quinta-feira passada até hoje, à força de uma montanha de tíquetes vendidos planeta adentro, a sequência do musical derivado de "O Mágico de Oz" disparou na corrida pelo Oscar 2026, agendado para 15 de março, no Dolby Theatre, em Los Angeles. No dia 22 de janeiro, saem as indicações. Estima-se desde já a presença da produção dirigida por Jon M. Chu (do sucesso "Podres de Ricos"). Ela é adaptada do espetáculo homônimo da Broadway lançado em 1995 por Winnie Holzman e Stephen Schwartz, com base no romance "Wicked: The Life and Times of the Wicked Witch of the West", de Gregory Maguire.

O primeiro "Wicked", de 2024, custou uma baba (US$ 150 milhões), mas já faturou uma baba ainda maior (US$ 758,7 milhões) e ganhou os Oscars de Direção de Arte e Figurino. Espera-se mais - bem mais - de sua sequência.

Pelo planisfério cinéfilo adentro, seu faturamento tem sido dos mais sólidos, apoiado em sua exuberância visual e canora, em especial quando Cynthia Erivo e Ariana Grande põem toda a potência de seus diafragmas em xeque. Aliás, já anda rolando um "já ganhou!" em torno de Erivo, como Melhor Atriz, por seu desempenho (ainda melhor do que no original) num filme que tem tudo de que Hollywood gosta - e de que precisa - nestes tempos marcados por discursos inclusivos e pleitos pela diversidade. Pontuado por um discurso antirracista, o filme narra a saga da Bruxa do Oeste celebrizada em "O Mágico de Oz", na literatura e no clássico filme de 1939, com Judy Garland de Dorothy.

Erivo esbanja carisma no papel de Elphaba, uma jovem estudante de magia incompreendida por conta de sua pele verde. Em sua formação nas artes mágicas, conhece Galinda (Ariana), uma jovem popular, que a hostiliza de início, mas não tarda a se afeiçoar pela colega. Após um encontro com o Maravilhoso Mágico de Oz (Jeff Goldblum, impagável em cena), a amizade delas chega a uma encruzilhada. Nessa trajetória, a plateia se embevece com canções que anestesiam o peito, em coreografias que desafiam as leis da gravidade.

Se "Wicked: Parte II" se firmar como a máquina de fazer dinheiro que parece ser, seu cacife da briga por vários Oscars - em especial os de Maquiagem & Cabelo e Montagem - há de crescer. Uma de suas estrelas, Michelle Yeoh, será homenageada na Berlinale, em fevereiro, com o Urso de Ouro Honorário, o que vai ampliar a visibilidade do trabalho de Jon M. Chu.

Vale lembrar que o líder em faturamento do cinema este ano foi a animação chinesa "Ne Zha 2 - o Renascer da Alma", com cerca de US$ 2 bilhões em sua receita. Neste fim de semana, a panela de pressão do audiovisual em relação a frequência em sala deve mudar com a chegada de "Zootopia 2", da Disney. Agora parceiros inseparáveis, a coelha Judy Hopps e a raposa Nick Wilde enfrentam o desafio mais perigoso de suas carreiras: solucionar os rastros deixados por Gary, uma serpente misteriosa.

No cinema brasileiro, estima-se que "O Agente Secreto" ultrapasse a marca do milhão em poucos dias e vire um dos líderes do pódio dos longas de maior procura no país. A estreia nacional do ano de maior receita até aqui foi "Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa", com um milhão de pagantes. Vale lembrar que "O Auto da Compadecida 2", que totalizou 4,4 milhões de ingressos vendidos, e o oscarizado "Ainda Estou Aqui", que vendeu 5,8 milhões de entradas, iniciaram suas carreiras em salas de cinema no ano passado.