Festival do Rio: um roteiro para as atrações imperdíveis da reta final da maratona audiovisual da cidade
QUARTO DO PÂNICO, de Gabriela Amaral Almeida (Brasil): A diretora se arrisca numa releitura do sucesso homônimo de David Fincher, com Jodie Foster.
Um roteiro para as atrações imperdíveis da reta final da maratona audiovisual da cidade
Ter Juliette Binoche no Odeon é tirar muita onda, né? E a gente teve, numa projeção do longa "In-I In Motion", graças aos esforços de Ilda Santiago e Walkíria Barbosa, as diretoras do Festival do Rio. Binoche passou por cá na primeira metade de uma maratona que renovou sua relevância histórica, aos 27 anos de existência, mobilizando o olhar do planisfério cinéfilo para a Cinelândia, para Botafogo, para a Gávea, para o Armazém da Utopia no Cais do Porto (sua sede) e até para a Penha, integrada em seu circuito de telas, que se estende até o Reserva Cultural em Niterói. Não é qualquer evento que congrega 298 filmes de 74 nações e ainda traz vozes autorais estrangeiras de peso como Nadav Lapid, Teresa Villaverde e Diego Céspedes. O nosso festival fez isso tudo. No domingo, encerram-se suas atividades (#sqn, pois de segunda até quarta tem repescagem). O Correio propõe aqui um mapa da mina do que deve ser priorizado nesses momentos finais da nossa micareta estética.
RUA DO PESCADOR N°6, de Bárbara Paz (Brasil): A atriz e diretora gaúcha, apoiada numa montagem frenética de Renato Vallone, revive o desastre climático em Porto Alegre, em 2024, construindo um filme-catástrofe de dar inveja a qualquer "Twister" de Hollywood. Ela vai atrás de pessoas que sobreviveram e se reinventaram. Onde e quando: Cine Santa, sexta, 13h45.
A SAPATONA GALÁTICA ("Lesbian Space Princess"), de Emma Hough Hobbs e Leela Varghes (Austrália): A animação australiana ganhou um reforço e tanto ao conquistar o troféu Teddy da Berlinale 2025 com esta comédia interplanetária. A introvertida princesa Saira, filha das extravagantes rainhas lésbicas do planeta Clitópolis, fica arrasada quando sua namorada, a caçadora de recompensas Kiki, termina repentinamente com ela por ser muito carente. Quando Kiki é sequestrada pelo povo mau, Saira precisa deixar o conforto da "gayláxia" para entregar o resgate solicitado. Onde e quando: Kinoplex São Luiz 2, sexta, 14h
SE EU TIVESSE PERNAS, EU TE CHUTARIA ("If I Had Legs I Would Kick You"), de Mary Bronstein (EUA): Rose Byrne ganhou merecidamente Urso de Prata de Melhor Interpretação na Berlinale por seu desempenho no papel de uma terapeuta em conflito com a maternidade. Conan O'Brien e Christian Slater têm participações impagáveis nesta dramédia sobre desconfortos. Onde e quando: Cinesystem Belas Artes 6, sexta, 16h20
RÉQUIEM PARA MOÏSE, de Susanna Lira e Caio Barreto Briso (Brasil): O Festival de Gramado concedeu o Kikito de melhor roteiro de curta-metragem de 2025 a essa produção de 19 minutos e 16 segundos analisa o racismo por trás do assassinato do imigrante congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, morto com golpes de taco de beisebol num quiosque na Barra da Tijuca, em 2022. Sua narrativa estuda a microfísica da exclusão. Onde e quando: Cine Santa, 18h15
SOBRE TORNAR-SE UMA GALINHA D'ANGOLA ("On Becoming A Guinea Fowl"), de Rungano Nyoni (Zâmbia): Mais badalado dos representantes da África no Festival de Cannes de 2024, essa fábula sombria da Zâmbia nos leva aos bastidores de um enterro, no qual a despedida de um tio provoca uma surreal transformação numa família. Onde e quando: Estação NET Rio 3, sexta, 20h45
SURDA ("Sorda"), de Eva Libertad (Espanha): A pátria de Almodóvar voltou para casa este ano com a láurea da Associação de Cinemas de Arte da Europa, dada a ela na Berlinale, graças à batalha de Ángela, uma mulher com problemas auditivos, e Héctor, seu parceiro. Eles estão esperando um filho. Apesar de muito animados com a gravidez, não sabem se o bebê vai herdar a surdez da mãe. Onde e quando: Reserva Cultural 2, sábado, 14h
UMA QUINTA PORTUGUESA ("Una Quinta Portuguesa"), de Avelina Prat (Espanha): Atuações comoventes do ator andaluz Manolo Solo e de Maria de Medeiros asseguram lirismo a esta narrativa ibérica. A fotografia dionisíaca de Santiago Racaj aquece o clima deste enredo sobre recomeços. Nele, Fernando, um pacato professor de geografia, encontra-se num abismo sentimental após o desaparecimento de sua mulher. Sem rumo na vida, assume nova identidade, com um novo nome (Manuel), e passa a trabalhar como jardineiro em uma vila em Portugal. Onde e quando: Estação NET Gávea, sábado, 16h30
QUARTO DO PÂNICO, de Gabriela Amaral Almeida (Brasil): A diretora se arrisca numa releitura do sucesso homônimo de David Fincher, com Jodie Foster. Na trama, uma mulher que acaba de terminar um casamento (papel de Isis Valverde) e sua filha pré-adolescente (Marianna Santos) se vêem às voltas com supostos ladrões. Onde e quando: Estação NET Rio 3, sábado, 20h30
DOIS PIANOS ("Deux Pianos"), de Arnaud Desplechin (França): De uma destreza notável no trançado de diferentes vértices de uma geometria de solidões e desconexões, o novo melodrama do realizador de "Reis e Rainha" (2004), foi escrito a quatro mãos com Kamen Velkovsky e deleita a sua câmara com a luz da cidade de Lyon. No local, um pianista da mais alta virtude ao teclado chamado Mathias (François Civil) regressa à região para reencontrar a sua antiga tutora, a regente Elena (Charlotte Rampling), que se debate contra uma doença incurável. Onde e quando: Kinoplex São Luiz 4, no sábado, às 21h15.
FAMÍLIA DE ALUGUEL ("Rental Family"), de Hikari (Japão): É "O" filme deste festival. Brendan Fraser está no apogeu de sua maturidade, num equilíbrio fino entre riso e pranto, no papel de um ator falido que vive no Japão. Numa Tóquio repleta de desconexões, ele vira operário numa agência que forja "parentescos" e afetos. Onde e quando: Estação NET Gávea 3, domingo, 17h15
AS MENINAS ("Le Bambine"), das irmãs Valentina e Nicole Bertani (Itália): Um dos roteiros mais festejados no Festival de Locarno. É uma volta a um tempo de crise para a população italiana: 1997. Naquele momento, Linda, de oito anos, foge de uma vila na Suíça pertencente à sua avó rica, onde vive com sua mãe. Na fuga, conhece Azzurra e Marta. Um vínculo de verão une as três meninas em uma gangue formada para proteger umas às outras, sua juventude e sua liberdade. Onde e quando: Estação NET Gávea, domingo, 19h30
ROMARIA ("Romería"), de Carla Simón (Espanha): O novo filme da diretora de "Alcarràs" (2022) narra a cruzada de Marina (Llucia Garcia), uma jovem de 18 anos, órfã desde pequena, que viaja até a costa atlântica da Espanha onde enfrenta um mar de novos tios, tias e primos, sem saber se será acolhida ou recebida com resistência. Onde e quando: Kinoplex São Luiz 2, domingo, 21h30