Fernanda Abreu: 'Plataformas de música aprisionaram a criatividadedo pop'
Cantora lança no Festival do Rio documentário sobre os 30 anos da gravação de 'Da Lata', o seu álbum mais revolucionário
Quem ligasse o rádio em 1995 tinha grandes chances de ouvir o rock escrachado dos Mamonas Assassinas, o sertanejo açucarado de Zezé Di Camargo e Luciano e o pagode dilacerante do Só pra Contrariar. Fernanda Abreu, porém, estava olhando para outra direção naquele ano. A artista decidiu unir o funk que despontava das favelas cariocas com o samba que já havia conquistado prestígio internacional para conceber um disco com a cara do Brasil. Não à toa, batizou o projeto de "Da Lata" - material que evoca de uma só vez a inventividade do batuque e a precariedade da nossa condição de país emergente.
"A lata faz alusão justamente a esse jeito 'se vira nos 30' do povo brasileiro. É aí que reside a nossa liberdade e a nossa criatividade." A ideia, porém, não foi bem recebida pelo presidente de sua então gravadora. "Ele disse que não daria certo, mas esses caras de gravadora nem sempre são os donos da verdade. Eles se equivocam e se equivocam muito."
A previsão do executivo de fato não se confirmou. Lançado em março de 1995, o disco foi eleito pela Billboard o melhor álbum latino-americano naquele ano e vendeu mais de 100 mil cópias, dando à artista o seu primeiro disco de ouro. Em razão do sucesso, a cantora foi convidada a se apresentar em países como França, Holanda e Alemanha. Para marcar os 30 anos do trabalho, ela lança nesta quarta-feira (8), no Festival do Rio, um documentário mostrando os bastidores das gravações. Continua na página seguinte