Ofensiva queer chilena
Vencedor do Prix Un Certain Regard, o contagiante drama de CEP chileno "O Olhar Misterioso do Flamingo" ("La Misteriosa Mirada Del Flamenco"), de Diego Céspedes, hoje dispara na procura do público, na venda de ingressos, em San Sebastián, de onde há de sair como um hit aos olhos espanhóis.
Já confirmada na Première Latina do Festival do Rio, a produção foi um acontecimento em Cannes em 2025. Filas gigantes se formaram nas projeções dessa reconstituição histórica da vida no norte do Chile no início dos anos 1980, numa área de mineração na qual um cabaré de mulheres trans e travestis enfrenta o boom da Aids.
Tudo é visto pelos olhos de uma menina, Lidia (Tamara Cortes), tratada como filha pela performer Flamenco (Matías Catalán), alvo de transfobia. Na trama, o contágio do HIV é tratado com misticismo, numa crença de que a "peste" se espalha pela troca de olhares.
"Houve uma mudança de comportamento das pessoas em relação à comunidade LGBTQIAPN , mas também um retrocesso no último ano", disse Céspedes em Cannes. "O Chile não é indiferente ao que se está a passar no mundo. A nova onda da ultradireita no continente também nos tem afetado". (R.F.)
