A nova de Karim Aïnouz
Novo longa internacional do diretor cearense, o drama de elenco estelar 'Rosebush Pruning', pode levar o cineasta à disputa pelo Leão de Ouro de Veneza
Neste 2025 em que conquistou o Oscar com "Ainda Estou Aqui" (hoje no Globoplay), o Brasil ganhou o Grande Prêmio do Júri da Berlinale com "O Último Azul", de Gabriel Mascaro; venceu a disputa de Melhor Curta Internacional do Bafici com "Minha Mãe É Uma Vaca", de Moara Passoni; e testemunhou a consagração de Kleber Mendonça Filho e Wagner Moura com "O Agente Secreto", em Cannes, com láureas de Melhor Direção e Interpretação, além do troféu da Crítica. Agora em agosto, duas outras mostras competitivas de prestígio GG no circuito anual dos festivais, Locarno e Veneza, podem incluir o cinema nacional na caça a suas premiações, batizadas com nome de felinos: o Leopardo Dourado e o Leão de Ouro.
Há uma corrida para saber que títulos podem nos premiar. No documentário, já há uma torcida formada em torno de Sabrina Fidalgo e seu "Time To Change", investigação sobre fantasmas da exclusão racial. Na animação, fala-se em "Nimuendajú", de Tania Anaya, que concorrerá no Festival de Annecy, de 8 a 14 de junho na França (com chance de, daqui a dois meses, estar nos eventos supracitados, na Suíça e na Itália). Já na ficção, a voz autoral brasileira mais evocada é o cineasta cearense Karim Aïnouz, onipresente na cena audiovisual estrangeira. Seu novo trabalho, contudo, é uma produção rodada na Espanha, de medula gringa: "Rosebush Pruning".
De toda forma, bolões de aposta acerca de quem vai estar nas gôndolas venezianas em 2025 apontam sua escalação, em especial depois de ele ter concorrido à Palma da Croisette por dois anos seguidos, com "O Jogo da Rainha" ("Firebrand", em 2023) e "Motel Destino", em 2024.
Com gênese amalgamada ao cult "De Punhos Cerrados" (1965), de Marco Bellocchio, o novo Karim acompanha os conflitos de uma família que luta contra doenças genéticas no coração de uma propriedade rural. Seu time de estrelas inclui Pamela Anderson, Elle Fanning, Callum Turner, Riley Keough, Jamie Bell (o eterno "Billy Elliot"), Lukas Gage, Tracy Letts e Elena Anaya. A produção é da MUBI, The Match Factory e The Apartment (uma empresa Fremantle). Nenhuma imagem do projeto foi divulgada até agora.
"Estou muito animado para dar vida a este roteiro audacioso e instigante, que desafia nossas noções de família tradicional e de patriarcado, com este brilhante elenco de atores que admiro há muito tempo", celebra Karim em comunicado à imprensa.
O roteiro é de Efthimis Filippou (parceiro do grego Yorgos Lanthimos em "O Sacrifício do Cervo Sagrado" e "O Lagosta"). Já a produção é de Viola Fügen e Michael Weber. Simone Gattoni, da Kavac Film, responsável pela aquisição dos direitos de adaptação, também responde pela produção ao lado de Annamaria Morelli. Andreas Wentz e Juan Cano Nono, da Surfilm, são coprodutores na Espanha, enquanto Rachel Dargavel, da Crybaby, coproduz no Reino Unido. O filme é financiado pela MUBI, junto com (a já mencionada) The Apartment, Metafilms, Anna Films e In Bloom, com apoio financeiro da Medienboard, do BFI, do German Federal Film Board e da Film und Medienstiftung NRW.
Após várias colaborações com Aïnouz, com destaque para "A Vida Invisível" (Prix Un Certain Regard em Cannes, em 2019), a diretora de fotografia Hélène Louvart volta a trabalhar com o diretor de "Madame Satã" (2002). Outros membros da equipe criativa incluem a maquiadora Barbara Kreuzer, a figurinista indicada ao Oscar Bina Daigeler e o diretor de arte Rodrigo Martirena.
Sem espaço no circuito exibidor, "O Jogo da Rainha" pode ser visto hoje na Prime Video da Amazon e conta com uma interpretação vigorosa de Alicia Vikander. Elogiado em Cannes sobretudo pelo visceral desempenho de Jude Law, o longa foge da estética bem-comportada dos relatos audiovisuais sobre monarquia ao mostrar uma visão decadente da aristocracia do Velho Mundo. Laureado no balneário francês, em 2019, com o Prix Un Certain Regard, por "A Vida Invisível", Karim reconstitui o embate entre a monarca Catherine Parr (1512-1548) e o rei Henrique XVIII (1491-1547), numa narrativa de intrigas palacianas e amorosas. O roteiro é assinado pelas irmãs Henrietta e Jessica Ashworth, autoras da série "Killing Eve". O elenco traz ainda Sam Rilley (que foi dirigido por Walter Salles em "Na Estrada") e Eddie Marsan (que fez "7 Dias em Entebbe" com José Padilha).