A Vila vai te pegar! De alegria

A escola do bairro de Noel Rosa se inspira nas atrações 'macabras' dos parques de diversão para mostrar figuras lendárias do imaginário popular

Por Affonso Nunes

Detalhe de carro alegórico do desfile da Vila Isabel, que promete assombrar com bom humor

A sabedoria popular já nos ensina que quanto mais a gente reza, mais assombração aparece. Com esse enredo, a Unidos de Vila Isabel promete um desfile marcante na Marquês de Sapucaí em 2025. Mas será um desfile assustador? O carnavalesco Paulo Barros garante que não. A azul e branco do bairro de Noel Rosa pretende levar alegria à avenida, inspirando-se no universo lúdico dos parques de diversão.

"Nossa proposta é a de um trem fantasma, mas no sentido daqueles brinquedos de parque, onde a diversão é garantida. Durante o trajeto, encontraremos assombrações inspiradas na cultura brasileira, figuras lendárias que fazem parte do imaginário popular. Todo mundo acha que o enredo é assombroso, mas ele não é", insiste o carnavalesco.

"No carnaval, isso não cabe. Já vi escola de samba levar caixão para a avenida, mas, para mim, isso não faz sentido", recorda, descartando qualquer traço macabro no desfile que criou.

E como seré esse trem fantasma? Barros tem a resposta na ponta da língua: "Vamos atravessar setores temáticos, encontrando assombrações ligadas às florestas, aos rios, ao mar e também às vilas, ruas, castelos e cidades, mostrando essas figuras em seu habitat natural", adianta o carnavalesco, famoso por seus truques na avenida. O que será que Paulo Barros vai aprontar desta vez?

ENREDO: "Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece"

Embarque nesse trem da ilusão
Não tenha medo de se entregar
Pois nosso maquinista é capitão
E comanda a multidão que vem lá do boulevard…
O breu e o susto em meio a floresta
Por entre os arbustos, quem se manifesta?…
Cara feia pra mim é fome
Vá de retro lobisomem, curupira sai pra lá.
No clarão da lua cheia
Margeando rio abaixo
Ouço um canto de sereia


Ê caboclo d’água
Da água que me assombra
A sombra da meia noite
Foi-se a noite de luar
Na tempestade, encantada é a gaiola
Chora viola, pra alma penada sambar

Nas redondezas credo em cruz ave maria
Quanto mais samba tocava, mais defunto aparecia

Silêncio…
Ao som do último suspiro vai chegar
A batucada suingada de vampiros
Quando o apito anunciar….
Eu aprendi que desde os tempos de criança
A minha vila sempre foi bicho papão

Por isso, me encantei com esse feitiço
Que hoje causa reboliço dentro desse caldeirão

Solta o bicho minha vila dá um baile de alegria
É o povo do samba virado na bruxaria
Quanto mais eu rezo, quanto mais eu faço prece
Mais assombração que aparece

Autores: Raoni Ventapane, Ricardo Mendonça, Dedé Aguiar, Guilherme Karraz, Miguel Dibo e Gigi da Estiva