Eparrey! O Urso de Ouro de 2024 chega enfim às telonas do Rio de Janeiro. Sob as bênçãos dos orixás, "Dahomey", um documentário de 68 minutos feito entre o Benin, o Senegal e a França, pela atriz e cineasta Mati Diop, será exibido pela Caixa Cultural neste sábado, dia 23, às 16h. Sua sessão em território carioca integra o Festival Afronta! - uma maratona de debates sociológicos decoloniais de viés audiovisual.
Logo após a exibição, haverá um debate sobre o longa-metragem que botou a Berlinale deste ano no bolso com a presença das curadoras Juliana Vicente e Diana Silva Costa.
Realizado pela Preta Portê Filmes, o evento, que começa nesta terça, vai apresentar 18 produções em seu menu, entre curtas, médias e longas, com a proposta de abrir reflexões sobre a diversidade racial no cinema. Além da pérola documental de Mati, a mostra projeta as séries documentais "Afrofluxo: O Som da Música Preta" e "Vidas que Transcendem", ambas de Luz Barbosa; e o curta ficcional, "Deixa", de Mariana Jaspe, com Zezé Motta no elenco.
Exibido em outubro na Mostra de São Paulo, "Dahomey" é uma das apostas para o Oscar de 2025, buscando uma vaga na festa da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood como representante oficial do governo senegalês. Recentes projeções em terras europeias, embaladas pelo prestígio adquirido no Festival de Berlim, foram uma forma de expandir o prestígio de Mati e ampliar o espaço dessa investigação antropológica nos combates políticos sobre o sucateamento do relicário africano.
"Meu empenho com 'Dahomey' é expor as ramificações do colonialismo e apontar onde a violência histórica é praticada a partir de nosso patrimônio", disse Mati ao Correio da Manhã, na capital alemã.
Laureada em 2019 com o Grande Prêmio do Júri de Cannes de 2019 por "Atlantique" (lançado no Brasil via Netflix), Mati dá uma aula de geopolítica em "Dahomey, trilhando caminhos de fantasia. Seu roteiro é estruturado como a cartografia do tráfego de uma série de relíquias beninenses, surrupiadas por colonizadores europeus, de volta ao lar. Uma dessas peças, uma estátua chamada de Número 26, é quem narra a rapinagem histórica sofrida por populações da África, como se fosse uma entidade.
"É preciso restituir para reconstruir", disse Mati, ao falar do papel estratégico de sua narrativa, que será lançada no Brasil via streaming, na plataforma MUBI.