Ganhador do Grande Prêmio do Festival de Pesaro, na Itália, em 1967, "A Opinião Pública" serviu como um cartão de visitas - tanto para o sucesso, quanto para a agitação cultural - na trajetória de Arnaldo Jabor (1940-2022) rumo à consolidação de uma trajetória autoral que se pavimentou a partir da demolição das vigas moralistas da sociedade brasileira. Vai ter um par de projeções desse marco da não ficção latino-americana no Festival do Rio 2024, que abre suas alas nesta quinta-feira (3). Tem exibição no sábado (5), às 19h15, no Estação NET Rio 2, e no dia 16, às 14h30, no Estação NET Rio 5.
É um reencontro com um exercício de ferina provocação, que faz parte da seção de clássicos restaurados da mostra A Cinemateca É Brasileira, da qual fazem parte ainda: "Greve" (1979), de João Batista de Andrade; "Eles Não Usam Black-Tie" (1981), de Leon Hirszman; e "O Que é Isso Companheiro" (1997), de Bruno Barreto, em homenagem aos 60 anos da produtora LC Barreto.
O caso de Jabor, contudo, é um capítulo à parte, a começar do fato de o centro nervoso da maratona carioca, o Circuito Estação, ter feito sua arrancada, lá na década de 1980, graças à boa acolhida popular a "Eu Sei Que Vou Te Amar", que levou Jabor à competição pela Palma de Ouro de Cannes. Fora isso, ele abriu o Festival de 2010 com "A Suprema Felicidade".
Em "A Opinião Pública", que iniciou sua carreira em 1966, vemos um painel das vicissitudes da classe média. A redescoberta desse cult é uma forma de o Festival do Rio matar as suas (e as nossas) saudades de Jabor. Um dos maiores campeões de bilheteria do cinema brasileiro entre os anos 1970 e 80, com filmes que lotavam salas exibidoras apesar de fugirem das fórmulas comerciais do audiovisual deste continente, naquela época de farda, com ditaduras por todo o lado, o diretor carioca morreu no dia 15 de fevereiro de 2022, em decorrência de complicações de um AVC. Continua na página seguinte