A essencialidade de Walter Lima Jr. para o cinema brasileiro

Um dos maiores mestres da direção no país, ativo desde o Cinema Novo, ganha retrospectiva na Caixa Cultural

Por Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

A Ostra e o vento

Filmes essenciais à formação cultural do país nos últimos 60 anos como "A Ostra e o Vento" (ganhador do prêmio CinemAvvenire no Festival de Veneza de 1997), "Ele, O Boto" (1987), e "Inocência" (1983) ganham o espaço nobre da telona da Caixa Cultural, a partir desta terça, numa retrospectiva do realizador Walter Lima Jr.

O filme que deu a ele o troféu Candango de Melhor Direção no festival de Brasília, em 1978, "A Lira do Delírio" será o primeiro de seus títulos a ser projetado na mostra, esta tarde, às 18h. Para o domingo, às 15h30, os curadores Gregory Baltz e Kaio Caiazzo agendaram "Menino de Engenho" (1965), um dos marcos do Cinema Novo.

O recorte curatorial traduz toda a diversidade do realizador, laureado na Berlinale de 1969 com o Urso de Prata por "Brasil Ano 2000", que a Caixa exibe nesta quinta, às 18h10.

"Durante a busca por obras de Walter Lima Jr. para estudo, percebi a dificuldade em encontrar muitos títulos em DVDs, links online, até mesmo VHS ou qualquer mídia", diz Caiazzo.

"Percebi com o tempo que a falha não estava no meu garimpo: os materiais não existiam . Muitos filmes podiam apenas ser lidos em livros/ revistas/críticas da época, dificilmente assistidos em alguma cópia acessível - muito menos versões digitais. Essa foi a maior faísca na criação de uma mostra completa à altura da versatilidade e pluralidade de um cineasta inquieto que nunca se prendeu a apenas um formato ou gênero. Ok, talvez um tema e ponto de foco: O Brasil!, e com exclamação. Gregory Baltz, documentarista também dedicado à memória e preservação, mergulhou comigo nessa curadoria afetiva. Walter sempre desejou que seus filmes chegassem ao grande público, a quem ele se endereça. Faz filmes para serem vistos e sentidos, não para si", destaca o curador.