Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

Isabelle Huppert a 360 graus

Isabelle Huppert desfila humor em 'A Traveler's Needs' na Berlinale | Foto: Divulgação

 

Por ter positivado num teste de covid-19 dias antes de embarcar para a Berlinale, em 2022, Isabelle Huppert não pôde comparecer à cerimônia de entrega do Urso de Ouro Honorário que receberia pelo conjunto de sua carreira, uma das mais prolíficas da indústria audiovisual.

Mas esta semana, a atriz francesa de 70 anos vai às forras no festival alemão, pois protagoniza dois filmes de peso da maratona cinéfila germânica, um na competição ("A Traveler's Needs") e um na seção Panorama (o delicioso policial "Le Gens d'à Côté").

"Eu fiquei feliz ao saber que "A Dona do Barato', que eu protagonizo, foi o filme francês de maior sucesso no Brasil durante a pandemia, e sei que tenho convites pendentes para visitar vocês, mas ainda não tive chance de dar um pulo no país de vocês. O cinema tem muitas vozes novas ativas, criando mundos próprios. Eu vivo em busca dessas vozes", disse Isabelle ao Correio, durante o Festival de Berlim, onde pode ajudar o diretor sul-coreano Hong Sangsoo, que faz tantos filmes quanto ela, a sair da Alemanha premiado.

Os dois fizeram juntos "A Visitante Francesa", em 2012, e retomam o convívio agora, em "A Traveler's Needs", no qual Isabelle interpreta uma abilolada professora de Francês que engata em conversas e bebedeiras com artistas para quem leciona. Um jovem poeta e sua mãe bem intrujona integram a fauna de personagens de Sangsoo. Já em "les Gens D'à Côté", a estrela europeia é dirigida por um titã da França nas telas: André Téchiné. O aclamado realizador de "As Testemunhas" (2007) destila elegância nesse suspense, narrando a saga de uma policial que se afeiçoa por seus novos vizinhos até entrar em dilema ao descobrir que um deles tem um passado de crimes.

São dois artesões autorais, duas escolas da arte de filmar. "Respeito o olhar de cineastas, mas não encaro a parceria que tenho com realizadores como um aprendizado, pois eu não me vejo como estudante e nem trato diretores como mestres. São colegas. Cada colega tem um olhar específico, que me alimenta. Filmei muito com Claude Chabrol, que me deu papéis em grandes filmes. Mas eu não encarava sua doce figura como um professor. Chabrol foi o criador de um universo. É o que admiro nele".

Nos próximos meses, o Brasil receberá outros filmes estrelados por Isabelle, como "Sidonie au Japon" e "Marianne".

 

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