Por: Rodrigo Fonseca (Especial para o Correio da Manhã)

Vitória ibérica em San Sebastián

Após ajudar uma jovem a dar fim a uma gravidez indesejada, uma parteira precisa fugir de sua aldeia em 'O Corno'. O filme da basca Jaione Camborda conquistou a desejada Concha de Ouro do festival espanhol | Foto: Divulgação

Ambientado na fronteira entre Espanha e Portugal, nos afluentes do Rio Minho, numa recriação histórica do ano de 1971, "O Corno", da diretora basca Jaione Camborda, ganhou a Concha de Ouro do 71º Festival de San Sebastián.

Apesar de o nome sugerir adultério, no jargão popular dos povos latinos, o lúdico longa-metragem fala de aborto, narrando a fuga de uma parteira que, ao ajudar uma jovem a dar fim a uma gravidez não desejada, vira alvo da Lei.

A fotografia exuberante de Rui Poças amplia a força estética da trama, calcada num debate sobre o corpo da mulher.

"Não trato os homens de modo preconceituoso ou caricato. Um debate de gêneros carece de respeito. Mas eu me posiciono ao colocar as mulheres no centro da narrativa", disse Jaione ao Correio da Manhã em San Sebastián.

Outras premiações

Ímã de gargalhadas entre os 16 concorrentes à Concha no evento do norte espanhol deste ano, a comédia argentina "Puán", feita em parceria com Brasil, rendeu a láurea de Melhor Roteiro para sua dupla de diretores, María Alché e Benjamín Naishtat.

Seu protagonista, Marcelo Subiotto, conquistou a láurea de Melhor Atuação do festival, dada também (em empate técnico) ao japonês Tatsuo Fuji por "Great Absence". Já a láurea de Coadjuvante foi entregue a Hovik Keuchkorian, por "Un Amor".

Na categoria Direção, a Concha de Prata foi para Taiwan, entregue a dois estreantes em longas: a realizadora Ping-Wen Ang e a seu colega Tzu-Hui Peng por "A Journey In Spring".

O Prêmio do Júri foi para a Escandinávia dado a "Kalak", da sueca Isabella Eklöf. O longa recebeu ainda a láurea de Melhor Fotografia, dada a Nadim Carlsen.

Na mostra Horizontes Latinos, a herança marxista do cinema argentino se fez vencedora com a coroação do drama de tons sociais "El Castilo", de Martín Benchimol.

Já a láurea de Júri Popular da mostra Perlak foi para "A Sociedade da Neve", de J. A. Bayona, sobre a tragédia dos Andes de 1972, envolvendo a queda do avião da seleção uruguaia de rúgbi.

Em paralelo à premiação, San Sebastián exibiu o filme surpresa "O Assassino", de David Fincher, e fez uma sessão de gala de encerramento com "Dance First" - cinebiografia do dramaturgo Samuel Beckett, com Gabriel Byrne.

 

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