Haverá uma mobilização na 47ª Mostra de São Paulo nesta quinta-feira (26) em torno da chegada do sérvio Emir Kusturica, música da banda The No Smoking Orchestra e diretor condecorado com duas Palmas de Ouro de Cannes, dadas a ele por "Quando Papai Saiu Em Viagem De Negócios" (1985) e por "Underground - Mentiras de Guerra" (1995).
Este último vai ser exibido no evento paulistano esta tarde, às 14h, no CineSesc, possivelmente com a presença do cineasta de 68 anos, que faz parte do júri do festival. Ao lado dele, na análise dos longas-metragens em concurso, estão a atriz e diretora brasileira Bárbara Paz; a diretora e produtora italiana Enrica Fico Antonioni; o realizador irlandês Lenny Abrahamson; a holandesa Mariëtte Rissenbeek, diretora geral do Festival de Berlim; e o artista transdisciplinar, diretor e escritor da Guiné Bissau Welket Bungué.
"O cinema das Américas foi fundamental para a construção do meu olhar, uma vez que a minha cabeça foi muito influenciada pela Nova Hollywood, num período dos anos 1970 em que filmes inquietos davam bilheteria, sem fazer concessões para agradar. 'Taxi Driver' revelou muito para a minha geração sobre as possibilidades das narrativas. Mas a minha cabeça também foi influenciada pela vodca", confessou o cineasta ao Correio da Manhã, ao lançar um .doc sobre o estadista uruguaio Pepe Mujica, antes da pandemia.
Em 2008, ele citou o futebol brasileiro, mas de maneira jocosa, no documentário "Maradona por Kusturica", lançado no Festival de Cannes com enorme sucesso. "Aquele argentino deu ao esporte alguns dos dribles mais bonitos que o mundo jamais viu", disse o cineasta, que esteve ao lado de Bárbara Paz há uma década no lançamento do longa em episódios "Words With Gods", no qual divide os créditos com Hector Babenco (1946-2016). "Cada filme que faço deve ser uma resposta ao mundo ao meu redor".
Famoso por filmes como "Gato Preto, Gato Branco" (1998), pelo qual ele recebeu o prêmio de melhor direção em Veneza, ele tocou na Marina da Glória em 2017, no Mimo Festival.
"A inércia do mundo, em relação à História, é algo que me assusta, mas a arte a desafia", disse o diretor, que encantou o Festival de Veneza, em 2017, com "Na Via Láctea", sua última ficção até agora.
A Mostra de SP segue até o dia 1° de novembro.