Segunda é Fogo... Contra Fogo

Cult de 1995 com os astros Al Pacino e Robert De Niro ganha a telona do Estação nesta segunda

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Robert De Niro em ação numa das sequências de tiroteio mais vertiginosas da História feitas no cinema

Rodrigo Fonseca

Especial para o Correio da Manhã

Dias depois de Michael Mann ter acelerado corações no Festival de Veneza com seu esperado "Ferrari", com Gabriel Leone no elenco, uma das pérolas do cineasta ganha a telona do Estação NET Botafogo nesta segunda-feira, às 20h40, na sessão Classiquíssimos: "Fogo Contra Fogo" ("Heat"). É o longa-metragem que marcou o primeiro encontro nas telas entre Al Pacino e Robert De Niro, amigos e contemporâneos da chamada Easy Rider Generation (onda estética que revolucionou os EUA no cinema, de 1967 a 1981). A dupla havia feito antes "O Poderoso Chefão 2", porém sem contracenar. Mann satisfez o desejo das plateias de vê-los juntos. Em 2008, eles fizeram, juntos, "As Duas Faces da Lei", e, em 2019, "O Irlandês". A sessão na tradicional sala da Voluntários da Pátria coincide com a chegada as livrarias brasileiras, pela editora HarperCollins da aclamada experiência do realizador no terreno da prosa, redigida com a escritora Meg Gardiner: "Heat 2: A Novel".

No que o livro saiu, ele virou, instantaneamente, um fenômeno no mercado editorial dos EUA. Sua trama expande o enredo de polícia e ladrão do filme, que surpreendeu espectadores por sua ousadia gráfica e pelo impacto de sua montagem. Sensação de surpresa similar acontece agora, com a incursão do realizador de sucessos como "O Informante" (1999) pela escrita, a julgar pelos elogios recebidos de bambas da prosa como James Patterson. Este escreveu: "Já estou a citar linhas de 'Heat 2' aos meus amigos escritores, sem vergonha, dizendo que as linhas são minhas".

Em junho de 2022, em Nova York, uma cópia restaurada em 4K de "Fogo Contra Fogo" foi projetada no Festival de Tribeca. Suas sequências de tiro e perseguição marcaram época. Sua bilheteria beirou US$ 187 milhões. Sob a direção de Mann, De Niro é o ladrão de carros-fortes Neil McCauley, que lidera uma gangue especializada em assaltos mirabolantes, com armamento pesado, usando máscaras de hóquei. Pacino é Vincent Hanna, um dedicado policial, cuja vida pessoal está em frangalhos, empenhado em capturar McCauley. Mas um código de honra inusitado vai nascer entre eles, no momento em que Hanna tenta ajudar sua enteada (Natalie Portman) e que Neil engata um romance com uma especialista em artes plásticas, Eady (Ay Brenneman).

Ao longo de 480 páginas, "Heat 2" devassa as estruturas criminosas de Los Angeles, com pousos no Paraguai e no México dos cartéis. O livro começa do ponto em que "Fogo Contra Fogo" termina nas telas. Vai e volta no tempo, até os anos 1980, retratando a origem de seus dois protagonistas. Um dia após a resolução da trama do longa, o ladrão Chris (interpretado por Val Kilmer no filme) está escondido em Koreatown, ferido, delirante, a tentar desesperadamente fugir de LA. A caçá-lo está o detective da LAPD Vincent Hanna (Al Pacino). Horas antes, Hanna deteve McCauley. Agora, Hanna está determinada a capturar (ou matar) Chris, que é o último sobrevivente da tripulação de McCauley, antes de ele sair da cidade.

Ao retratar o passado, indo até 1988, McCauley, Chris e a sua gangue estão na fronteira entre os EUA e o México, emplacando um roubo atrás do outro. Por outro lado, Hanna segue sua vocação de homem da lei, em perseguição a criminosos violentos. O que lemos é uma trama que se candidata a clássico na literatura, numa intertextualidade com o cinema.

A partir desta quinta, o Estação se dedica a uma retrospectiva de Rainer Werner Fassbinder (1945-1982), com pérolas como "O Machão" (1969) e "Roleta Chinesa" (1976).