Por: Rodrigo Fonseca (Especial para o Correio da Manhã)

Na mira das HQs

Michael Fassbender em 'O Assassino', longa que encerra a programação do festival | Foto: Divulgação

Indicado ao Leão de Ouro de Veneza e preparado para estrear na Netflix em 10 de novembro, “O Assassino” (“The Killer”), o novo longa-metragem de David Fincher (“Mank”, “Se7en”), será exibido em San Sebastián neste sábado, entre os eventos de encerramento da edição n° 71 do festival espanhol, onde entra na programação como filme surpresa. Nos últimos anos, longas como “Blonde” (2022) e “Coringa” (2019) foram projetados no evento sem anúncio prévio, a fim de brindar a plateia com títulos que têm potência para disputar o Oscar. Nele, Fincher faz uma releitura da série de BDs (Banda Desenhada, o termo da França para gibis) “Le Tueur”, de Luc Jacamon e Matz, tendo Michel Fassbender, o Magneto, no papel de um matador de aluguel em crise.
Na reta final, às vésperas de o júri presidido pela diretora francesa decidir os ganhadores dos troféus oficiais, uma leva de títulos de língua espanhola se destacam como favorito. O mais bem falado dos concorrentes é “Puan”, comédia argentina de María Alché e Benjamín Naishtat. Produzido em parceria com o Brasil, o longa-metragem é o exercício estético mais pleno (em excelência técnica e em ardor) de toda a disputa pelos troféus ibéricos de 2023. Um elenco em estado de graça, com destaque para Marcelo Subiotto, guia uma comédia exuberante sobre ensino na seara da edução universitária pública de nuestros hermanos. Subiotto tem uma atuação elétrica no papel de Marcelo Pena, professor de Filosofia especializado na obra de Thomas Hobbes e de Martin Heidegger que tem a chance de assumir o posto deixado por seu antigo mestre. Sua vida é confusa, mas suas ideias são brilhantes. Mas o retorno de um apavonado colega de seu passado, Sujarchuck (Leonardo Sbaraglia, que dispara como favorito ao prêmio de coadjuvante), tira seus planos e sua paz do eixo. Mas o que poderia ser um duelo de vaidades se transforma - numa virada de roteiro brilhante - em um estudo sobre a luta diária de educadoras e educadores. A escrita fina do filme ganha ainda mais viço com a fotografia de Hélène Louvart.
Estima-se que a catalã Isabel Coixet possa conquistar o troféu de Melhor Direção por seu trabalho em “Um Amor”, uma adaptação do best-seller homônimo de Sara Mesa sobre uma ex-bailarina e tradutora que se apaixona por um exótico aldeão ao se mudar para o campo. Uma produção americana também tem força para sair da cidade laureada: “Ex-Husbands”, com uma memorável atuação de Griffin Dunne no papel de um dentista que se separa depois de 35 anos de casamento.
“Não assumir o júri esperando formatos de gênero específico, mas sim buscando ver filmes de países diferentes e escutar as diferentes impressões de colegas”, disse Claire ao Correio.
Em sua seleção de clássicos revisitados, San Sebastián finaliza sua repescagem de sucessos do passado resgatando o fenômeno portenho “Nove Rainhas” (“Nueve Reinas”, 2000), de Fabián Bielinsky, O filme que apresentou Ricardo Darín ao Brasil, antes de “O Filho da Noiva” (2001), também estrelado por ele, concorrer ao Oscar. Cheia de reviravoltas, a trama acompanha os percalços de dois vigaristas (Darín e Gastón Pauls, laureados com um prêmio duplo de Melhor Interpretação no Festival de Biarritz) para enganar um filatelista com uma coleção de selos rara.
Para o encerramento de suas atividades, o curador José Luis Rebordinos, convocou “Dance First”, cinebiografia do dramaturgo Samuel Beckett (1906-1989), com Gabriel Byrne, sob a direção de James Marsh.

 

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