Por Rodrigo Fonseca
Especial para o Correio da Manhã
Dublê de filmes seminais para a cultura pop dos anos 1990, entre cults ("Velocidade Máxima") e fracassos famosos ("Waterworld"), Scott Waugh assumiu a tarefa de devolver a franquia "Os Mercenários" às telas nove anos depois do terceiro (e irregular) longa-metragem do projeto criado por Sylvester Stallone.
Um projeto que já faturou US$ 805 milhões em seu empenho em agrupar celebridades da ação de diferentes gerações. O segundo, com Chuck Norris e Van Damme, foi um achado e tanto na dramaturgia do filão. A fim de dar à quarta aventura da cinessérie - chamada lá fora "The Expend4bles" - um tratamento narrativo capaz de resgatar os fãs, Waugh apostou num espectro B, com violência gráfica explícita.
Plasticamente gore, o novo título da saga dos soldados da fortuna liderados por Barney Ross (Stallone, bem dublado por Luiz Feier Motta) derrama litros de sangue e hiper valoriza seu rubor. É espartano em sua montagem, ágil e aberta a muitas frentes. A entrada de 50 Cent no elenco, como o soldado Easy Day, amplia o tônus cômico e heroico de um filme avesso às patrulhas da correção política. O perfil lascivo adotado por Megan Fox para compor sua personagem, a especialista em combate Gina, desafia todos os tabus do politicamente corrento da atualidade.
Ousadia não falta ao quatro "Os Mercenários". O que lhe falta é uma lapidação de roteiro que resguardasse seu enredo de obviedades e simplificações. Na tela, vemos o grupo partir para uma vingança após a morte de um de seus integrantes, encarando o terrorista Rahmat (Iko Uwais). Lee Christmas (o ótimo Jason Statham, aqui dublado pelo genial Armando Tiraboschi) é quem vai encampar essa missão de revanche, sob a chefia de um caricato Andy Garcia. As lutas de Statham são um espetáculo aeróbico à parte, num longa sem tons épicos, sem melodramas.