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E a Marvel fica na estrada

Estrelado por Ezra Miller, 'The Flash' chega às telas brasileiras abrindo uma nova era pra DC nas telas | Foto: Divulgação

Por Rodrigo Fonseca

Especial para o Correio da Manhã

Definido como "diversão ligeira e inteligente, com direito a um Michael Keaton que rouba as cenas" por 90% da crítica americana, "The Flash" estreia nesta quarta-feira, sob a direção do argentino Andy Muschietti (de "It: A Coisa"), com a promessa de se tornar "O" sucesso desta temporada, apesar da concorrência pesada que terá em duas semanas de "Indiana Jones e a Relíquia do Destino". Mas, só o fato de peitar um longa com Harrison Ford já eleva o cacife da aventura no tempo do Velocista Escarlate, encarnado pelo polêmico Ezra Miller (seu histórico de bebedeiras, agressões e confusões afins é de assustar), que pode colocar a grife DC Comics no topo da indústria do entretenimento. Este ano, ela derrapou feio com "Shazam! Fúria dos Deuses", que custou cerca de US$ 120 milhões e faturou apenas US$ 135 milhões, sem sequer empatar os gastos de produção (na aritmética de Hollywood, pelas operações de marketing, o empate só chega quando o faturamento de um longa é três vezes maior do que seu orçamento de produção). Mas não tão feio quanto sua maior rival, a Marvel, que salvo a ótima animação "Homem-Aranha: Através do Aranhaverso" (com US$ 313 de bilheteria em duas semanas), só vem flopando no gosto popular. Naufragou com "Thor: Amor e Trovão" e quebrou a cara com "Quantumania", além de estar desagradando o público da Disney com séries como "Mulher-Hulk: Defensora de Heróis". Apesar do escorregão que levou em março com o longa de Billy Batson, provando que o Shazam ficou no passado, a DC abriu o ano indicada a três Oscars por "Batman", de Matt Reeves, tem pela frente a série do Pinguim, com Colin Farrell na HBO Max, e apresenta um catálogo de futuros lançamentos de matar os marvetes de inveja.

Criada em 1934 com o nome National Allied Publications (depois transformado em National Periodical Publications, em 1961, até assumir a sigla atual, em 1977), a DC foi fundada pelo escritor e oficial militar Malcolm Wheeler-Nicholson (1890-1965), que iniciou sua linha de gibis com "New Fun: The Big Comic Magazine", publicando caubóis e tramas de aventura. Só lá pelo sexto número do quadrinho surgiu algo próximo de um super-herói, o Dr. Oculto. Nos anos seguintes, foram fundadas a "Adventure Comics", onde surgiu o Homem de Aço, em 1938, e "Detective Comics", onde o defensor de Gotham City - vivido em "The Flash" por Ben Affleck e por Michael Keaton, em planos de realidade diferentes - foi criado, em 1939. Usina viva de vigilantes, a editora, entre muitas reestruturações, lançou o Homem Mais Rápido do Mundo, que Ezra encarna agora, na revista "Showcase" n.4, de outubro de 1956, sob a pena do roteirista Robert Kanigher e do desenhista e editor Carmine Infantino. Como ele, personagens - do Bem e do Mal - que foram popularizados graças aos esforços de Wheeler-Nicholson vão ganhar filmes nos próximos dois anos, sendo o casal Arlequina (Lady Gaga) e Coringa (Joaquin Phoenix) a atração mais esperada.

Os dois estrelam "Joker: Folie à Deux", continuação para o longa ganhador do Leão de Ouro de 2019, dirigido por Todd Philips, que também comanda esta história de amor, em tons musicais entre o Palhaço do Crime e a personagem feminina de maior prestígio pop das HQs entre as criações dos quadrinhos dos anos 1990. Ela foi criada por Paul Dini e Bruce Timm pra série de desenhos animados do Batman, que tem um novo filme com Robert Pattinson encomendado pra 2025. Estima-se que Josh Hartnett possa encarnar o vilão Duas-Caras, mas há quem fale no Sr. Frio e no Cara de Barro. Nada foi oficializado ainda.

Oficial é a certeza de que em 17 de agosto, Xolo Maridueña (de "Cobra Kai") vai cortejar Bruna Marquezine sob a armadura do Besouro Azul, mascarado que surgiu nos gibis da DC em 1939. Em 2011, o herói foi repaginado para incluir as comunidades latinas e renasceu como Jaime Reyes, jovem que, em contato com um escaravelho mágico, desenvolve poderes especiais.

Tudo indica que em 25 de dezembro, Jason Moma volta a usar o tridente de Netuno, sob a direção do diretor autor James Wan ("Jogos Mortais") em "Aquaman and the Lost Kingdom", que sofreu com a batalha judicial movida por sua coprotagonista, Amber Heard, contra seu ex, o ator Johnny Depp, que terminou com péssima publicidade para a atriz. Estima-se que Bem Affleck estará lá, como Batman, uma vez mais.

Mas o maior mistério da DC, no momento, é saber quem será o jovem Kal-El (ou Clark Kent) em "Superman: Legacy", que James Gunn está preparando, tendo Brainiac como vilão. Henry Cavill não será mais o Último Filho de Krypton. Mas há uma guerra midiática pra saber quem ocupa o posto: Nicholas Hoult, David Corenswet e Tom Brittney são os mais cotados.

Há duas séries da DC a caminho dos holofotes: "Creature Commandos" e "Lanterns", sobre a Tropa dos Lanternas Verdes.