'Guardiões da Galáxia Vol.3' promove uma última viagem emocionante para os heróis mais amados da galáxia
Aventura espacial chega aos cinemas nesta quinta-feira (4)
Por: Pedro Sobreiro
Com sua saída do Universo Cinematográfico Marvel confirmada, já que agora ele é um dos CEO's da rival DC, James Gunn aproveitou sua oportunidade final para se despedir da "Casa das Ideias" com chave de ouro. Mais do que isso, em "Guardiões da Galáxia Vol.3", ele constrói uma carta de amor aos fãs e a esses personagens tão únicos e diferentes, que formaram uma simbiose com o diretor para que ambos crescessem nos cinemas ao longo da última década.
Assim, com toda a criatividade e ousadia de Gunn, que roteirizou e dirigiu os três filmes da saga, os anti-heróis espaciais conseguiram desenvolver vínculo com os fãs, sendo que muitos deles sequer sabiam quem eram os Guardiões antes do primeiro longa, porque o grupo não era nem de perto um dos minimamente populares dos quadrinhos. Hoje em dia, Senhor das Estrelas, Rocket, Groot, Gamora e Drax viraram ícones da tão falada Cultura Pop.
Justamente por isso, "Guardiões da Galáxia Vol.3" se mostra uma verdadeira bomba das mais diversas emoções possíveis de se causar em uma sala de cinema. Pelo público se importar com esses personagens, sua aventura final, que tem um foco especial em Rocket Raccoon (Bradley Cooper), é que as ideias mirabolantes e empolgantes de James Gunn funcionam.
Na trama, os Guardiões estão reformando seu quartel general espacial, quando o misterioso e superpoderoso Adam Warlock (Will Poulter) aparece querendo vingança. Em seu ataque, o alienígena deixa os protagonistas muito machucados, em especial o Guaxinim Rocket. Com ele precisando de atendimento especializado, os Guardiões embarcam em uma jornada pelo passado do amigo, enquanto buscam ajuda para ele.
Nesta viagem, eles vão descobrir coisas que nunca sonharam sobre o guaxinim e vão tentar se entender para fazer a missão funcionar. Porém, as coisas saem de controle quando a variante perdida da Gamora (Zoe Saldana) cruza o caminho do time, mexendo com a cabeça de Peter Quill (Chris Pratt), o Senhor das Estrelas.
Apesar da franquia ter ficado famosa por seu tom mais jocoso, tirando sarro dos próprios personagens o tempo todo, a sensibilidade do diretor em enxergar a beleza em meio ao caos é o que faz da saga uma joia bastante singular em meio a um mercado cada vez mais saturado de filmes inspirados em histórias em quadrinhos.
E aqui não é diferente. Mesmo mantendo as piadas e brincadeiras típicas do grupo, a missão da vez é urgente e os perigos são palpáveis. Essa sensação de que tudo pode dar errado a qualquer momento acompanha o público durante o filme inteiro, por isso fica uma tensão que se intercala com os flashbacks do passado de Rocket, explicando de uma vez por todas qual sua relação com seu criador e o porquê dele passar tanto tempo evitando contar sua história.
É tudo abordado com tanta delicadeza que parece impossível não derramar algumas lágrimas ao longo das cerca de 2h30 de duração. E mesmo com Rocket sendo o foco da vez, James Gunn aproveitou para explorar e desenvolver os outros personagens tão queridos, de forma que agora ele deixa a franquia com a certeza de ter cumprido seu papel com maestria.
Outro ponto já padrão do diretor e que volta a ser perfeitamente acertada é a trilha musical. Desde o primeiro filme, Gunn seleciona canções que agem na trama como personagens vivos, conduzindo o público por meio do ritmo, das letras e da mensagem que essas músicas passam. E agora podendo ousar um pouco mais com o Zune de Peter, que consegue armazenar centenas de canções, Gunn explora os produtos sonoros dos anos 1980, 1990 e 2000, expandindo ainda mais a sinergia entre o que se passa em tela com a "playlist oficial" do filme.
O elenco conta com atuações bastante orgânicas das figurinhas já carimbadas da saga, com Chris Pratt e Bradley Cooper se destacando dos demais pelo lado dos mocinhos. Já o vilão da vez, o Alto-Evolucionário, é um cientista sádico que busca criar a perfeição em seu laboratório. Para vivê-lo, James Gunn convidou o ator nigeriano Chukwudi Iwuji, com quem trabalhou na série "O Pacificador" (2022), e foi um dos maiores acertos de todo o Universo Cinematográfico Marvel. Chukwudi realiza o trabalho de sua vida ao personificar o vilão mais cruel desse universo, tratando a todos com a frieza de um psicopata e agindo com total indiferença àqueles que estão ao seu redor. Sua atuação é aterrorizante, o que só engrandece o desafio dessa viagem final dos Guardiões.
Em tempos em que o "genérico" parece impulsionar Hollywood, é de aquecer o coração ver um filme de super-heróis fechar sua trilogia com três capítulos extraordinários, transbordando o amor de seu elenco pela saga e de seus realizadores por cada frame exibido ao público nessa última década. Não é absurdo dizer que Guardiões da Galáxia Vol.3 é a conclusão perfeita para a saga dos heróis que não sabíamos que amaríamos tanto.
Nota:10
Guardiões da Galáxia Vol.3 estreia em 4 de maio de 2023.
