Por Rodrigo Fonseca
Especial para o Correio da Manhã
Visitado pelo Correio da Manhã há um ano, num tour lotado de cinéfilos, o Bud Spencer Museum, em Berlim, pertinho do Portão de Brandemburgo, está diferente: agora conta com kits de Lego e de Playmobil baseado em longas dos anos 1970 e 90; tem novos cartazes e disponibiliza dois aparelhos de fliperama com jogos baseados nos filmes do ator de quem toma seu nome emprestado.
Ídolo de matinês, o napolitano nascido Carlo Pedersoli (1929-2016) fez parte da alfabetização audiovisual dos alemães, mesmo sendo italiano, e segue a mobilizar o afeto germânico.
A mobilização de agora envolve a criação de um grande festival, em homenagem a ele e a seu parceiro de telas, Terence Hill, galã gaiato veneziano cujo nome verdadeiro é Mario Girotti e hoje tem 83 anos. Uma maratona dos filmes deles - cuja dupla era conhecida por aqui como Trinity - vai mobilizar a cidade de Gubbio, na Umbria, de 27 a 30 de julho, envolvendo ainda bandas de música, concursos diversos e guloseimas inspiradas no que eles comiam em suas aventuras - feijão com cebola e salsicha.
Um de seus maiores êxitos, "Banana Joe" (1982), vai estar no pacote, comemorando 40 anos de sua estreia comercial. O título mais esperado é o hilário "A Dupla Explosiva" ("...Altrimenti Ci Arrabbiamo!" 1974), de Marcello Fondato. É o título mais famoso deles, sobretudo em telas brasileiras, onde a popularidade do duo era enorme, auxiliada pela TV Globo, via "Cinema Especial", "Sessão da Tarde" e a "Sessão Trinity".
Eles eram vistos aqui em transmissões dubladas por Silvio Navas (Spencer) e Newton DaMatta (Hill). Bud e Terence chegaram a filmar no Rio "Eu, Você, Ele e Os Outros" (1984), com Athayde Arcoverde, Dary Reis e Carlos Kurt, o eterno vilão dos Trapalhões, no elenco. Não por acaso, foram ao programa de Didi, Dedé, Mussum e Zacarias.
Espera-se que a retrospectiva de Gubbio, batizada SpencerHill Festival vá expor as HQs que os dois estrelaram, tocar os discos que trouxeram Spencer arriscando-se no saxofone e exibir um cult do western spaghetti: "Meu Nome É Ninguém", de Tonino Valerii. Comemorando 50 anos de sua estreia, esse faroeste trazia Henry Fonda como aliado de um caubói doidão, encarnado por Terence. O mítico diretor Sergio Leone foi o idealizador estético do longa.