Confira o primeiro dia do desfile das escolas do Grupo Especial

Unidos de Padre Miguel, Imperatiz Leopoldinense, Viradouro e Mangueira apresentam seus enredos com garra na Sapucaí

Por Affonso Nunes

Mangueira, 6º lugar

 

A noite de domingo (2) e a madrugada desta segunda-feira (3) marcaram o início dos desfiles das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro. Unidos de Padre Miguel, Imperatriz Leopoldinense, Unidos do Viradouro e Estação Primeira de Mangueira foram as primeiras a se apresentar na Sapucaí durante o Carnaval 2025. Pela primeira vez, os desfiles estão distribuídos em três noites, reduzindo o número de escolas por dia.

 

Alex Ferro/Riotur - A Unidos de Padre Miguel contou a história do mais antigo terreiro de candomblé em atividade no Brasil

A Unidos de Padre Miguel, após vencer o Grupo de Acesso em 2024, retornou ao Grupo Especial contando a história de Iyá Nassô e do Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho. O enredo “Egbé Iya Nassô” foi assinado por Lucas Milato, que já estava na escola, e Alexandre Louzada, que estreou na agremiação. A escola se destacou pelos carros alegóricos e conseguiu encerrar o desfile dentro do tempo regulamentar. No entanto, uma das alas desfilou com fantasias incompletas, o que pode comprometer sua pontuação.

 

Tata Barreto/Riotur - Luxuosa, a Imperatriz saúda a sabedoria de Oxalá

A Imperatriz Leopoldinense, vice-campeã do ano passado, trouxe o enredo “Ómi Tútu Ao Olúfon – Água fresca para o senhor de Ifón”, retomando, depois de quase cinco décadas, uma temática afro-religiosa ligada à mitologia dos orixás. Durante o desfile, enfrentou dificuldades com a ala das Baianas, mas a riqueza dos figurinos e maquiagens chamou atenção, assim como sua Comissão de Frente.

 

Alex Ferro/Riotur - Atual campeã, a Viradouro aposta na história de Malunguinho, uma entidade afroindígena para brigar pelo bicampeonato

A Viradouro, atual campeã do Carnaval carioca, apostou na história da entidade afro-indígena Malunguinho com o enredo “Malunguinho: O Mensageiro de Três Mundos”, desenvolvido por Tarcísio Zanon. A narrativa remete ao século XIX, em Pernambuco, onde o quilombo do Catucá resistiu à repressão, tendo João Batista, o Malunguinho, como seu último líder. A escola inovou ao utilizar arte cinética para dar movimento a um boneco de 15 metros em um de seus carros alegóricos. Apesar do impacto visual, a agremiação precisou acelerar o ritmo para concluir o desfile dentro do tempo, e a musa Lore Improta escorregou em frente aos jurados.

 

Alex Ferro/Riotut - Última a desfilçar, a Mamgueira empolgou com seu samba poderoso, um dos melhores do carnaval deste ano

A Mangueira encerrou a noite com o enredo “À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões”, concebido pelo carnavalesco Sidnei França. Um dos momentos mais marcantes do desfile foi a Comissão de Frente, que representou os “crias” – jovens moradores de favelas que enfrentam desafios diários – dançando o passinho do funk. Pipas, brinquedos comuns nas comunidades cariocas, também fizeram parte do espetáculo, reforçando a herança bantu na cultura do Rio. No refrão do samba poderoso, a verde e rosa extravasou o “orgulho de ser favela”.