Por: Cláudia Chaves | Especial para o Correio da Manhã

Um farol permanente pela igualdade

Virginia Woolf foi pioneira na defesa da igualdade de gênero | Foto: Reprodução

Passados 83 anos de sua morte por suicídio, a obra de Virginia Woolf permanece como um farol a inspirar e impactar as discussões sobre as questões das mulheres, um verdadeiro legado de igualdade de gênero e ativismo. A atuação dessa escritora gigante não se limitou ao feminismo. Sua defesa antiguerra e antifascismo foi praticada e exibida em sua literatura e na vida cotidiana.

Essa é a importância que, baseada em seu livro "Um Teto Todo Seu", a Casa Eva Klabin recebe a exposição "Uma Casa Toda Sua". A curadora Isabel Portella une Eva Klabin e Virginia Woolf num mesmo pensamento, convidando 14 artistas mulheres com discursos e poéticas bastante diversas para trazer propostas instigantes e interferências no espaço. 

 

Domínio sobre a vida é condição para criar

Imagens da exposição 'Uma Casa Toda Sua', em cartaz na Casa Museu Eva Klabin | Foto: Divulgação

"O que proponho é uma exposição só com artistas mulheres independentes. Mães solo, mulheres negras, lésbicas, trans, periféricas, deficientes, idosas e mulheres livres que fazem seus trabalhos com garra e força, independentes de críticas e do mundo fálico dos curadores homens que habitam o nosso cenário artístico atual", explica Isabel Portella.

O livro "Um Teto Todo Seu" é uma coletânea de palestras de Virginia Woolf ministradas em faculdades de Cambridge, em 1929. Na obra, a autora reflete sobre as condições sociais da mulher e sua produção literária, bem como as dificuldades para que elas tenham uma posição de destaque e possam se expressar livremente, características ainda presentes nos dias de hoje. Virginia defende que a mulher precisa ter domínio sobre a sua vida e autonomia financeira para poder criar.

No período em que o livro foi publicado, Eva Klabin tinha apenas 25 anos, mas já praticava as verdades enunciadas pela autora britânica. Ao mesmo tempo que vivia intensamente suas viagens e estudos, ela também precisava de um espaço privado, um pedaço do mundo onde sua individualidade existisse isoladamente. Na casa da Lagoa - onde hoje funciona a Casa Museu - Eva reuniu peças vindas de civilizações e épocas diversas para conservá-las ao alcance dos olhos, no lugar onde vivia. O legado de Eva e Virginia permanece no fazer de cada artista, convidando a reflexões sobre as diferentes narrativas.

"No encontro da arte com tantos desejos e conquistas, celebremos a figura de mulheres que ousaram transgredir oferecendo à vida o que têm de mais íntimo e sagrado", complementa a curadora sobre as 14 artistas. São elas: Bel Barcellos, Carolina Kaastrup, Claudia Hersz, Daniela Mattos, Dora Smék, Julie Brasil, Karola Braga, Lyz Parayzo, Mariana Maia, Marlene Stamm, Panmela Castro, Patrizia D' Angello, Sani Guerra e Simone Cupello.

SERVIÇO

UMA CASA TODA SUA

Casa Museu Eva Klabin (Av. Epitácio Pessoa, 2480 - Lagoa)

até 23/6, de quarta a domingo (14h às 18h) | Entrada franca

 

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