Por: Aldo Tavares*

MORA NA FILOSOFIA: Papo com Orígenes de Alexandria

Orígenes de Alexandria, filósofo e pensador cristão | Foto: Reprodução

A última fronteira da vida não é o marxismo, não é o existencialismo; a última fronteira da vida é o sagrado. Se a criança é sagrada, valores da inocência se preservam, por exemplo, o ato de brincar sem finalidade com seus semelhantes. Em tempos atuais, porém, o sagrado vulgarizou-se em igrejas, onde a palavra é proferida por uma ignorância sedenta de dízimo. Encontrar pessoas é encontrar palavras, e eu as encontrei com um dos maiores pensadores da filosofia cristã, Orígenes de Alexandria.

O cristianismo encontra-se vulgarizado?

O cristianismo se vulgarizou porque Jesus deixou de ser o Lógos para servir aos sentidos como diversão.

Como assim Lógos?

Quando João diz que "no princípio era o Verbo", é o mesmo que "no princípio era o Lógos", palavra grega cuja melhor tradução é "palavra ordenadora", e é ordenadora por pertencer à ordem do Sagrado, sabendo que, sendo Sagrado, não pode ser violado.

Publicou algum livro sobre isso?

Sim, em "Tratado sobre os Princípios".

Fale um pouco sobre...

Hoje, a palavra de Jesus está entregue à revelia corruptiva dos sentidos corporais, mas existe o sentido imortal, divino, que chamo de inteligência. Muitos se dizem representantes de Jesus para que sejam vistos, mas ver é uma coisa, conhecer é outra. Jesus é Palavra, é Lógos, e só é possível chegar à Palavra por meio da Sabedoria, que é o início dos caminhos de Deus. "E a Palavra era Deus, e ela estava no princípio junto a Deus" (Jo 1,1-2).

O senhor curte um heavy metal em Cristo?

O que é heavy metal? (quando o som do grupo Sepultura de Jesus começou a tocar no meu celular, Orígenes disse). Prefiro ouvir Johann Sebastian Bach, por exemplo, "Jesus, a alegria dos homens", pois não consigo delirar o bastante a fim de imaginar a vinda de Jesus aos berros do heavy metal.

Sua última leitura?

Foi "O reino", do jornalista Gilberto Nascimento.

Gostou?

É um livro que mostra a história de uma igreja que destrói o conhecimento e, por conseguinte, a palavra de Deus. A questão não é gostar.

Qual é a questão?

É que, em nome de Deus, a Palavra do Senhor não é propagada. A igreja precisa urgente voltar à exegese verdadeira, que é ser obediente à Palavra de Jesus, e isso eu deixo bem claro no meu livro "Tratado sobre os Princípios", onde digo que, em nossas buscas sobre a realidades tão importantes, não nos basta apelar para as concepções comuns e para a evidência do que se vê.

 

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