Afetividade cravada no bronze
Exposição 'Flávio Cerqueira: Um Escultor de Significados', em cartaz no CCBB Rio, recebe mais de 30 mil visitantes em uma semana
Exposição 'Flávio Cerqueira: Um Escultor de Significados', em cartaz no CCBB Rio, recebe mais de 30 mil visitantes em uma semana
Em exposição no CCBB do Rio de Janeiro até 18 de janeiro de 2026, a mostra "'Flávio Cerqueira - Um escultor de significados" registrou a expressiva marca de mais de 30 mil visitantes na semana inaugural. Celebrando os 15 anos de carreira desse artista ousado, que usa do bronze para expressar sua arte, a exposição montou um jardim e trouxe mais de 40 peças, sendo três delas inéditas, para a Cidade Maravilhosa.
Cerqueira revela que sua inspiração para se expressar por meio de estátuas foi justamente um dos maiores escultores da história. "Resolvi trabalhar com o bronze depois de ter visto uma exposição do escultor francês August Rodin na Pinacoteca do Estado de São Paulo, no ano de 2001. Desde então, minha inspiração tem sido meu próprio cotidiano, minhas próprias experiências de vida. Eu as ressignifico, transformando-as em objetos de arte. Esse é o meu maior estímulo para produzir arte e ser um artista que usa as esculturas para contar histórias", disse.
E o que mais chama atenção é o trabalho com o bronze, um material exótico para os dias atuais.
"Hoje, um dos maiores desafios de trabalhar com bronze é o fato de pouquíssimos artistas usarem essa técnica e, com isso, o número de fundições está cada vez menor e com poucos profissionais interessados em seguir este ofício", comentou o escultor paulista.
Quem for visitar a exposição no Rio, certamente irá reparar que antes das galerias existem obras de arte "perdidas" pelo ambiente. São as peças que Flávio chama de "iscas".
"Para a mostra no CCBB do Rio, eu espalhei alguns trabalhos nas áreas comuns do prédio, a fim de criar essa 'estranheza' mesmo e convidar os visitantes a entrarem nas salas expositivas, o que costumo chamar carinhosamente de 'iscas'. Elas puxam a atenção e fazem o visitante querer saber mais, ver mais sobre a arte", explicou.
Outra característica fortíssima do trabalho de Cerqueira é a afetividade. Suas obras trazem elementos cotidianos que, mesmo sendo pequenos detalhes, aproximam o público daquelas peças de bronze magníficas. Por exemplo, os calçados. Flávio esculpiu sapatos clássicos, tênis esportivos e até mesmo as divertidas sandálias Crocs em algumas estátuas infantis. Cada calçado dialoga diretamente com o "personagem" moldado, trazendo o visitante mais para perto das obras.
"Produzo arte para me comunicar, e abordo narrativas cotidianas do povo brasileiro, do povo comum, como eu. Acho que trazer assuntos que estão presentes na vida das pessoas faz com que isso crie um laço afetivo com o espectador, e o afeto, o amor, ainda são sentimentos que impactam e atravessam o ser humano", disse Flávio.
Por fim, o artista percorreu todo o "circuito" dos CCBB's brasileiros, passando pelas unidades de São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, por onde atraiu mais de 200 mil visitantes. Com a conclusão no Rio de Janeiro, Flávio Cerqueira pode ter sua maior audiência nos circuitos, já que a Cidade Maravilhosa registrou mais de 30 mil visitantes em apenas uma semana. Para Flávio, é fundamental ver esse interesse do público pela arte.
"Esta é a última das sedes do CCBB que ocupo nessa itinerância. Foram quase 300 mil visitantes desde São Paulo, que foi a primeira sede. Isso é importante não só enquanto números, mas pelo fato de quase 300 mil pessoas estarem frequentando os espaços de arte, que há pouco tempo atrás era frequentado apenas por uma parcela bem pequena - e restrita - da população. Isso, para mim, é o mais importante de participar do circuito CCBB", concluiu.
SERVIÇO
FLÁVIO CERQUEIRA: UM ESCULTOR DE SIGNIFICADOS
CCBB Rio (Rua Primeiro de Março, 66)
Até 18/1, de quarta a segunda (9h às 20h) | Entrada franca