Por: Affonso Nunes

Coletivo Rato expande território artístico carioca

Cabelo e Raul Moura?o | Foto: Divulgação

O coletivo Rato consolida sua posição como catalisador da cena artística contemporânea carioca ao promover uma programação dupla que marca a semana da ArtRio com estratégia territorial expandida. A iniciativa, que acontece em duas frentes distintas mas complementares, demonstra a maturidade de um projeto que se aproxima dos dez anos de existência e reafirma sua vocação de criar movimentos que ampliam a experiência da arte contemporânea através da articulação entre criação, pensamento e festa.

Na quinta-feira (11), o coletivo, em parceria inédita com a Ocupação Iboru - projeto de Marcelo D2 e Luiza Machado - apresentou exposição coletiva que reuniu onze artistas. A colaboração entre os dois projetos resulta em curadoria desenvolvida em parceria com a residência artística Cará, reunindo obras de Allan Pinheiro, Breno Loeser, Cabelo, Gabriela Fero, Guga Ferraz, Mar do Vale, Matheus Ribs, Matias Maxx, Maurício Valladares, Raul Mourão e Thaís Iroko. Todas as peças integram a Coleção Rato 2025, série de múltiplos editados especialmente para o coletivo em parceria com os artistas participantes.

"Tal como o Rato, a ocupação Iboru acredita desde o início na força do cruzamento entre as artes plásticas e a música. Levar os nossos artistas para o Iboru celebra nossa identificação com o projeto do D2 e da Luiza e também fortalece a nova cena de espaços culturais que atuam no centro do Rio", observa Raul Mourão, um dos fundadores do coletivo. 

E neste sábado (13), a programação se concentra na sede histórica do Rato, na Lapa, transformando o espaço em epicentro de atividades que incluem visitas aos ateliês de Cabelo e Raul Mourão, debate sobre arte e território com Sandra Benítez e Evandro Salles, e o lançamento do múltiplo "Kilombo Aldeya", obra-ação de Matheus Ribs que ganhou notoriedade nacional após ser censurada no Festival de Inverno do Sesc em Petrópolis, em julho. A peça, apresentada em formato de bandeira que substitui "Ordem e Progresso" por "Kilombo Aldeya", propõe reflexão sobre identidade brasileira enraizada nas lutas indígenas e negras.

A programação musical inclui apresentação ao vivo de Sérgio Krakowski, pandeirista carioca que redefine as possibilidades do instrumento ao transformá-lo em surdo, tamborim e bateria eletrônica. Com carreira internacional consolidada em Nova York, o músico desenvolve softwares que permitem ao pandeiro controlar projeções de vídeos e efeitos sonoros, exemplificando a hibridização tecnológica característica da produção artística contemporânea.

"As festas do Rato já são tradição e ponto de encontro no período da ArtRio, sempre de portas abertas para a Rua Joaquim Silva, coração pulsante da Lapa. Aproveitamos esse momento para lançar o múltiplo da bandeira do Matheus Ribs, por ser um símbolo de resistência artística e de afirmação de outras formas de existência coletiva com as quais nos identificamos", destaca Cabelo.

 

SERVIÇO

RATO NO RATO
13/9, das 18h às 24h
Rua Joaquim Silva, nº 71 - Lapa
Entrada franca