Por: Cláudia Chaves | Especial para o Correio da Manhã

A fantasia das escolas é coisa de museu

A mostra reúne videoinstalação, fotos, projetos para fantasia em técnicas distintas, paletas têxteis, fac-símiles, fotografias, uma maquete e a reprodução em grandes dimensões de um croqui inédito | Foto: Mauro Domingues/Divulgação

No dia do samba, 2 de dezembro, tem início a exposição "Corpo Popular", mostra multilinguagem que debate a construção artística de fantasias do do campeoníssimo carnavalesco Leandro Vieira nos dez desfiles que criou para o carnaval carioca, enfatizando quem as faz (os trabalhadores dos barracões) e quem as veste (os componentes das escolas de samba).

Com curadoria de Daniela Name, a mostra, que será cercada por diversas atividades complementares, acontece simultaneamente em dois espaços da cidade: no Paço Imperial e num trem transformado em galeria, estacionado na plataforma 13 da Central do Brasil, que abrirá as portas para o público em seis sábados de dezembro e janeiro. No Paço, a inauguração acontece neste sábado e na semana seguinte no trem-galeria.

"Conceber visualidade através de uma produção artística que é têxtil, pictórica e resulta num ornamento transformado em vestuário de caráter fantasioso que será performado em desfile, tornou-se não apenas a minha produção artística mais significativa, como também, uma marca que registra meu trânsito visual com os territórios, os anseios e os corpos periféricos que dialogam com a minha experiência suburbana", diz Leandro.

"Assim, a exposição investiga esse processo que é particular, mas também coletivo, ampliando-o para um olhar minucioso que lança luz nas experiências corporais de homens e mulheres no estado pleno de suas performances carnavalescas. Enquanto exibe as minúcias criativas do vestuário fantasioso que produzo como experiência artística, a mostra reflete sobre a participação de outros corpos na elaboração de uma experiência que atinge a plenitude a partir da incorporação ficcional possibilitada pelo traje criado", continua o carnavalesco.

Outro ponto importante do projeto, segundo Daniela Name, é o desejo de mostrar o carnaval como uma espécie de museu em trânsito. "'Corpo Popular' trata a obra de Leandro Vieira como um vetor para debater a fantasia de carnaval como uma modalidade artística que está em diálogo com uma coletividade de saberes na execução no barracão e também com outras linguagens, como a pintura, a escultura, o desenho e, é claro, a performance de canto e dança dos foliões", explica a curadora

No Paço, a mostra se dedica ao folião, a quem veste a fantasia. São apresentadas duas instalações, uma videoinstalação, fotos, projetos para fantasia em técnicas distintas (aquarela, hidrocor, nanquim e outras), paletas têxteis, fac-símiles, fotografias, uma maquete e a reprodução em grandes dimensões de um croqui inédito para o desfile da Imperatriz Leopoldinense em 2024, batizado de Com a sorte virada pra lua segundo o Testamento da Cigana Esmeralda.

Na Central do Brasil, o Estúdio Sauá, que assina a expografia de Corpo popular em seus dois módulos, bolou uma ocupação capaz de ser montada e desmontada no início e no fim de cada sábado da mostra em cartaz. O vagão-galeria na Plataforma 13 é dedicado aos trabalhadores e artífices dos barracões, parceiros de Leandro na realização dos figurinos que o artista imagina. Serão apresentados depoimentos de costureiras, aderecistas e da assistente do carnavalesco; um "vocabulário visual" de Leandro; uma fotogaleria comentada de seus 10 desfiles no Rio; um segundo croqui inédito para o carnaval 2024; e uma versão em menor escala de Corpo em desfile.

SERVIÇO

CORPO POPULAR

De 3/12 a 25/2, de terça a domingo (12h às 18h), no Paço Imperial (Praça XV de novembro, 48 - Centro)

De 9/12 a 27/1, sempre aos sábados, no trem-galeria da Central do Brasil - plataforma 13 (Praça Cristiano Ottoni, s/nº - Centro) | Entrada franca

 

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