Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

1964, o ano que não acabou

Intelectuais ligados ao Tuca em protesto contra o fim do CPC da UNE durante a ditadura | Foto: Reprodução

Nesta quinta-feira (25) É dia de maratona – de História, de Geografia e de Ética – no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro da Ilha do Fundão, com foco num dos períodos mais sombrios do Brasil: a ditadura militar. A Faculdade de Letras da UFRJ vai sediar o seminário Ecos Contemporâneos de 1964, a partir das 10h, com um intensivão de estudos multidisciplinares sobre o período. Na abertura, Lua Gil da Cruz , Claudia Lage e Pedro Sussekind falam de literatura, resistência e anistia. À 14h, Bernardo Kucinski ministra o colóquio “Anistia Pra Quem?”
“O original desse seminário é a vontade de discutir o olhar contemporâneo sob 64”, explica a professora Beatriz Resende, organizadora do evento. “É uma produção artística produzida agora, mas tributária das lembranças, da memória, da revolta, do ódio e da indignação contra a ditadura. Por exemplo, esse livro do Kucinski, ‘O Congresso dos desaparecidos’ foi lançado ano passado. Mesmo ele, um homem na faixa dos 80 anos, escreve agora sobre aquele momento. Ele mostra que a indignação permanece. Esse livro é muito bonito e emocionante. Não é duro e tem uma peculiaridade na lembrança dos desaparecidos e daquelas lutas”.
A partir das 15h45, o cinema entra em campo, com falas de Patrícia Machado, Thais Blank e Flávia Castro, que debate os premiados “Diário de uma Busca” e “Deslembro”.
“É um material contemporâneo, mas que retoma as dores e cicatrizes que ficaram de 1964”, diz Beatriz. “A ideia não é falar do que foi feito antigamente. Não é retomar somente a crítica à ditadura, mas é mostrar como, em 2024, o 1964 continua presente”.